A bananeira é uma planta herbácea com o pseudocaule ou falso caule formado pelas bainhas das folhas enroladas e termina com uma copa de folhas compridas e largas.
Tem um caule verdadeiro subterrâneo (rizoma), onde nascem os “filhos” ou “canhotas”, que permitem propagar vegetativamente a cultura.
O sistema radicular é fasciculado, atingindo entre 1 a 2m de comprimento, mas cerca de 60 a 80% das raízes estão concentradas nos primeiros 30cm de profundidade.
A bananeira é originária do sudeste asiático, clima tropical húmido, apresentando melhor desenvolvimento vegetativo em locais com a humidade relativa superior a 80% e com temperaturas médias mensais entre os 24 e os 29ºC.
Nas condições climáticas na RAM, encontramos as áreas mais adequados ao cultivo da bananeira na zona sul da ilha, até à cota dos 200m de altitude. A cultura da bananeira encontra aí as melhores condições para o seu desenvolvimento, com a temperatura mais elevada, a boa exposição solar das encostas, a água em abundância, a proximidade do mar e a fertilidade dos solos permitem produzir um fruto com características muito próprias.
Esta qualidade diferenciadora deve-se não só aos fatores naturais como aos humanos, em que as operações culturais recomendadas para o bom desenvolvimento vegetativo das bananeiras são realizadas com o saber dos agricultores, respeitando as especificidades da nossa agricultura: a bananeira
– Monda – controlar as infestantes com máquinas ou ferramentas, com aplicação de herbicidas, ou recorrendo ao “mulching”, em que a cobertura do solo com material vegetal para além de reduzir o crescimento das infestantes, também permite conservar a humidade do solo, melhorar a sua fertilidade e aumentar os teores de matéria orgânica;
– Desfilhamento – selecionar só uma filha ou canhota para manter a densidade de plantação recomendada e para impedir a competição entre as plantas;
– Limpeza das folhas – eliminar as folhas velhas que já não têm atividade fotossintética e as que podem danificar o fruto. Esta operação favorece o arejamento e a entrada de luz na plantação;
Limpeza das flores – realizar esta operação no momento certo, para evitar o aparecimento da ponta de charuto, doença que se manifesta pela instalação do fungo Verticillium theobromae, ou impedir o alojamento da traça do cacho, Opogona sacchari, que desvalorizam a qualidade comercial da fruta.
– Tutoramento – colocar as estacas nas bananeiras para as plantas não caírem com o peso do cacho ou pela ação do vento. Com o mesmo objetivo, também pode ser utilizado a amarração aérea.
– Corte do pseudocaule – manter o pseudocaule da planta após a colheita pois ocorrem translocações da seiva da “mãe” para a “filha”. Quando a “filha” está desenvolvida, recomenda-se abrir em duas partes o pseudocaule da bananeira cortada, que devem ficar com o interior voltado para cima, para acelerar a sua decomposição e evitar que o gorgulho da bananeira se instale;
– Colocação da manga plástica nos cachos – para proteger os frutos dos insetos, dos caracóis, dos pássaros e dos atritos mecânicos, como do granizo ou do roçar das folhas. A manga plástica mantém o cacho com melhor equilíbrio térmico, o que proporciona um enchimento mais rápido e uniforme. Como aumenta da humidade no seu interior, é importante manter o arejamento, para evitar o desenvolvimento de fungos;
– Fertilização – aplicar os fertilizantes de forma fracionada ao longo do ano considerando a aplicação de fertilizantes com micronutrientes como zinco, cobre, boro e ferro. Para uma fertilização mais equilibrada, devem ser realizadas análise do solo pelo menos de 4 em 4 anos, permitindo efetuar as correções necessárias;
– Rega – realizar esta operação de forma regular para um bom desenvolvimento vegetativo das plantas, evitando situações de stress hídrico, com períodos de encharcamento seguidos de seca prolongada.
– Tratamentos fitossanitários – aplicar sempre produtos fitofarmacêuticos autorizados/homologados para a cultura da bananeira, respeitando as concentrações recomendadas e os intervalos de segurança.
Alexandra Azevedo
Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
O artigo foi publicado originalmente em DICAs.