Estudo estimou o impacto actual da poluição do ozono troposférico em culturas de milho, arroz e trigo na China, na Coreia do Sul e no Japão. A China tem, de longe, as maiores perdas.
Uma equipa internacional de cientistas estima que há actualmente perdas anuais de cerca de 55.000 milhões de euros na produção de culturas agrícolas no Leste asiático associadas à poluição pelo ozono troposférico. O estudo publicado agora na revista científica Nature Food avaliou três culturas – o milho, o arroz e o trigo – nos últimos anos e verificou que as maiores perdas são no trigo. A China, a Coreia do Sul e o Japão foram os países considerados e observou-se que a China é quem sai mais a perder.
“O Leste da Ásia é uma área com uma poluição pelo ozono troposférico significativa, o que prejudica o desenvolvimento de culturas agrícolas e reduz a produtividade” – assim se inicia de forma reveladora o artigo agora publicado na Nature Food sobre as perdas na produção de certas culturas agrícolas no Leste asiático. Tal como indica o seu nome, este ozono está na troposfera, uma camada atmosférica que contacta com a superfície terrestre.
Ao PÚBLICO, Kazuhiko Kobayashi faz questão de explicar o que causa a poluição associada ao ozono troposférico: este ozono é formado por reacções químicas de óxidos de azoto e hidrocarbonetos que são emitidos por carros, centrais termoeléctricas, solventes ou fábricas de tintas. O ozono troposférico é assim um poluente secundário – ou seja, não é directamente emitido para a atmosfera pelas fontes emissoras –, sendo sobretudo formado por esse conjunto de reacções químicas na presença de radiação solar.
“O desenvolvimento económico no Leste asiático, em particular na China, tem aumentado estas emissões de materiais que formam o ozono [troposférico], o que tem resultado num rápido aumento das concentrações deste ozono pelo Leste da Ásia”, refere o professor da Universidade de Tóquio e um dos autores do artigo científico.
Mas quais as perdas actuais associadas a esta poluição? Para saber, a equipa de Kazuhiko Kobayashi usou dados experimentais sobre a exposição ao ozono de culturas de milho, arroz e trigo de diferentes regiões da China, da Coreia do Sul e do Japão. Juntaram-se ainda informações sobre medições do ozono no ar vindas de mais de 3000 locais de monitorização nos três países nos últimos anos. No geral, e com diferenças para os diferentes países, foram incluídos no estudo dados recolhidos entre 2015 e 2019. Além de dados sobre a concentração de ozono, foram tidos em conta valores das médias das produções da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.
Ao todo, estima-se que há actualmente perdas anuais na produção agrícola de cerca de 55.000 milhões de euros (à volta de 63.000 milhões de dólares). As maiores perdas foram verificadas na China – cerca de 53.000 milhões de euros (60.400 milhões de dólares) –, seguida do Japão – cerca […]