No contexto atual das alterações climáticas na região do Alentejo, a cigarrinha-verde (ou cicadela) representa um dos maiores desafios em termos de pragas com que os produtores vitivinícolas se debatem, tendo impacto significativo na produção. Foi perante esta conjuntura que uma equipa do InnovPlantProtect (InPP) concebeu e executou o ensaio experimental “Monitorização e Diagnóstico das Infestações de Cigarrinha-Verde em Vinhas da João Portugal Ramos”, cujos trabalhos tiveram início em maio de 2021, na propriedade Vila Santa, em Estremoz.
A cigarrinha-verde (espécies Jacobiasca lybica e Empoasca spp.), neste caso, é uma praga que suga as folhas da videira, alterando a respetiva cor e forma. As folhas perdem a capacidade de realizar a fotossíntese, escurecem e, nos casos mais graves, caem. As uvas perdem qualidade e quantidade. A vinha pode também ficar debilitada no pós-vindima.
Os principais objetivos deste ensaio, liderado pelo Departamento de Monitorização e Diagnóstico de Pragas e Doenças do InPP, foram a caracterização dos estragos provocados pelas cigarrinhas e a obtenção de informação relativa aos parâmetros demográficos destes insetos, que servirá de base à utilização da deteção remota para a previsão temporal e espacial da ocorrência da praga.
Numa primeira fase, procedeu-se à colocação de armadilhas, em 14 locais, numa colaboração entre técnicos da João Portugal Ramos e do InPP. Estas armadilhas foram monitorizadas semanalmente entre maio e agosto, por uma equipa do InPP, para contagem de indivíduos adultos de cigarrinha-verde. Em junho, os trabalhos de campo intensificaram-se, com a realização de prospeções para deteção de videiras infestadas por cigarrinha-verde.
As prospeções decorreram até finais de julho, tendo sido selecionadas e marcadas para monitorização semanal 58 videiras. A monitorização das videiras selecionadas foi realizada entre junho e agosto, procedendo-se à contagem do número de ninfas, à identificação do instar dominante das ninfas observadas (estado da metamorfose compreendido entre dois períodos de muda), bem como ao registo da severidade dos sintomas observados.
Toda a informação obtida foi registada recorrendo à app ODK Collect para Android, ficando imediatamente acessível através de uma plataforma WebGIS criada com o software open source QGIS/ Lizmap. Outras tarefas realizadas foram a recolha de espécimes para identificação em laboratório e a prospeção da praga em potenciais hospedeiros naturais durante o período de inverno.
O InPP apresentará em breve alguns dos resultados deste ensaio, encontrando-se atualmente em preparação o plano de I&D para 2022.
O artigo foi publicado originalmente em InnovPlantProtect.