O município de Fornos de Algodres, no distrito da Guarda, está disponível para auxiliar os produtores de gado do concelho que tenham dificuldades em alimentar os animais devido aos efeitos da seca, disse o seu presidente.
O autarca Manuel Fonseca disse hoje à agência Lusa que a Câmara Municipal de Fornos de Algodres ainda não recebeu pedidos de ajuda por parte dos produtores pecuários do concelho, mas, se tal se verificar, como já aconteceu no passado, está disponível para ajudar os agricultores, “com a entrega de forragens” para alimentação dos animais.
O concelho de Fornos de Algodres, onde existe um grande efetivo de ovinos, integra a Região Demarcada de Produção de Queijo Serra da Estrela.
O presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), Luís Tadeu, alertou, na quinta-feira, que a seca está a afetar a atividade agropecuária e alguns produtores estão a vender os animais, sobretudo ovelhas, por falta de alimento.
Luís Tadeu, que é também o presidente da Câmara Municipal de Gouveia, disse à Lusa que a situação relatada está a acontecer no seu concelho.
“Não conheço [que ocorra] noutros, mas depreendo que, se no meu está a acontecer, que é muito provável que também esteja a acontecer noutros concelhos do território da Comunidade Intermunicipal”, disse.
A redução do número de ovelhas “pode traduzir-se numa diminuição da produção de queijo”, considerou o responsável, porque os animais vendidos, “uns serão para continuar a produzir ainda leite, outros poderão ser para abate, o que vai traduzir-se numa redução do efetivo” e “uma perda para o território”.
“Ainda não me foi relatada qualquer situação [de venda de animais], mas parece-me que, se nós continuarmos com esta seca, vamos ter graves dificuldades”, disse o presidente da Câmara Municipal de Fornos de Algodres, que faz parte da área da CIM-BSE.
Manuel Fonseca reconhece, no entanto, que “começa a haver graves dificuldades para os produtores de gado, porque não há água e não havendo pastagens, não há possibilidade de manter as várias cabeças de gado”.
O autarca de Fornos de Algodres também está preocupado com as consequências que a seca poderá ter ao nível do abastecimento de água às populações.
“[O abastecimento] é uma responsabilidade da empresa de distribuição de águas no concelho de Fornos de Algodres, mas também nos preocupa, porque estamos a ser fornecidos pelo rio Mondego e nós verificamos que o caudal está a baixar”, referiu.
De acordo com Manuel Fonseca, “a empresa das águas já se encontra a preparar algum plano de contingência e o município estará com a empresa para ajudar no processo”.
Mais de metade do território de Portugal continental (57,7%) estava no final de dezembro em situação de seca fraca, tendo-se registado uma ligeira diminuição na classe de seca severa e um aumento na seca moderada, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Na terça-feira, o Governo restringiu o uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola devido à seca em Portugal continental, revelou o ministro do Ambiente e Ação Climática.