O Governo espanhol passou a exercer um maior controle sobre os volumes e fluxos de água das albufeiras para racionalizar o seu consumo humano e agrícola e a produção de energia eléctrica.
Espanha está numa situação ainda mais complicada que Portugal. As restrições de água na actividade agrícola e pecuária nas regiões do sul do país aumentam a cada dia que passa. Os protestos e as concentrações de tractores deixaram de ser pontuais e generalizaram-se nas regiões autónomas da Extremadura e Andaluzia.
O uso das reservas de água para produção de energia eléctrica e o regadio gera graves problemas ambientais, como o que está a afectar Doñana, um dos espaços naturais mais emblemáticos de Espanha e da Europa. A decisão da Junta Autónoma de Andaluzia de legalizar quase 1500 hectares de cultivo ilegal de morangos nos arredores do parque nacional mereceu um veemente protesto da ministra da Transição Ecológica e vice-presidente do governo da Espanha, Teresa Ribera.
Em declarações prestadas à Agência EFE, no dia 22 de Janeiro, Teresa Ribera interpretou a decisão da Junta de Andaluzia como um acto que promove a “ilegalidade e a destruição” do parque de Doñana, classificando o plano de regularização daquelas colheitas como um “ataque negacionista”.
Este é apenas um dos exemplos mais visíveis das consequências resultantes das restrições no fornecimento de água para rega nas zonas da Andaluzia e da Extremadura. Mas a falta de chuva estende-se a todo o território espanhol, onde a água armazenada está reduzida a 45% da sua capacidade total.
O exemplo mais significativo da escassez de recursos hídricos em Espanha encontra-se na barragem de La Serena, o “Alqueva” do país vizinho e o seu maior reservatório de água. Instalado na bacia do Guadiana, está apenas com 473 hectómetros cúbicos, 14,7% da sua capacidade máxima de enchimento, que é de 3219 hectómetros cúbicos.
E na rede hidrográfica do Guadiana em território espanhol, no dia 31 de Janeiro, a reserva de água era de 2833 hectómetros cúbicos, cerca de 30% do volume que as 34 barragens ali instaladas podem receber, ou seja 9438 hectómetros cúbicos. Receia-se que a situação possa agravar-se se não chover até Março.
Comparando com a situação nas 10 barragens erguidas na bacia do Guadiana em território português, observa-se que também no dia 31 de Janeiro, […]