Cerca de 13 milhões de pessoas na Etiópia, Quénia e Somália enfrentam fome severa no primeiro trimestre deste ano devido à situação de seca no Corno de África, a pior desde 1980, alertou hoje a ONU.
Em comunicado, o Programa Alimentar Mundial (PAM), das Nações Unidas, alerta que três anos consecutivos de estações de chuvas fracassadas dizimaram colheitas e causaram números anormalmente altos de mortes de gado.
A falta de água e de pasto está a forçar famílias a abandonar os seus lares e a aumentar os conflitos entre comunidades, acrescenta a agência da ONU.
As previsões apontam para quedas de chuva abaixo da média, o que ameaça piorar condições já de si difíceis nos próximos meses.
“As colheitas estão arruinadas, o gado está a morrer e a fome está a aumentar à medida que secas recorrentes afetam o Corno de África”, disse o diretor regional do PAM para a África Oriental, Michael Dunford, citado no comunicado.
Segundo o responsável, a situação “requer ajuda humanitária imediata e apoio consistente para aumentar a resiliência das famílias no futuro”.
A seca afetou as populações que se dedicam à agricultura e à pastorícia no sul e no sudeste da Etiópia, no sudeste e norte do Quénia e no centro-sul da Somália.
Os impactos são acompanhados de aumentos nos preços dos alimentos, inflação e baixa procura por mão-de-obra agrícola, o que piora ainda mais a capacidade das famílias de comprarem comida.
As taxas de malnutrição continuam altas na região e poderão agravar-se se não forem tomadas medidas imediatas.
O PAM está a fornecer alimentos e assistência nutricional às comunidades nos três países, alem de dar subvenções em dinheiro e regimes de seguro para ajudar as famílias a comprar comida para manter o gado vivo ou para compensá-las pelas suas perdas.
Segundo o PAM, é crucial a assistência imediata no Corno de África para evitar uma crise humanitária grave como a que o mundo testemunhou em 2011, quando 250.000 pessoas morreram de fome na Somália.
O PAM lança esta semana o seu plano de resposta à seca no Corno de África, ao abrigo do qual pede 327 milhões de dólares (286 milhões de euros) para responder às necessidades imediatas de 4,5 milhões de pessoas nos próximos seis meses e para ajudar a tornar as comunidades mais resilientes aos choques climáticos extremos.