Há mais de um ano, uma equipa de cientistas começou a desenvolver um biopesticida para atacar a bactéria Xylella fastidiosa. Os próximos passos dependerão do financiamento da investigação.
É melhor prevenir do que remediar – é este o lema de uma equipa de cientistas portugueses que está a desenvolver um biopesticida contra a Xylella fastidiosa, uma bactéria que consegue infectar mais de 600 espécies de plantas no mundo. Liderado pelo laboratório InnovPlantProtect (InPP), em Elvas, esse grupo pretende que esta solução biológica seja aplicada nas plantas antes de serem atacadas pela bactéria ou numa fase inicial das doenças que ela causa. Para quê? Para que os seus efeitos devastadores sejam evitados. A investigação ainda está numa fase inicial e é necessário financiamento para que não fique pelo caminho.
A Xylella fastidiosa é transmitida por insectos vectores que picam as plantas e as acabam por infectar com essa bactéria. Já na planta, a bactéria multiplica-se e bloqueia os vasos condutores de seiva, impedindo que esta passe nesses canais. Se a bactéria chegar a conseguir esse bloqueio, a planta adoece e morre à sede. Mas a Xylella fastidiosa pode estar presente na planta e não provocar doenças – tudo isto pode depender da planta, da quantidade da bactéria transmitida ou da própria bactéria. No leque de plantas que podem ser infectadas e adoecer estão as oliveiras, as amendoeiras, videiras ou os citrinos.
Em Portugal, a bactéria foi detectada pela primeira vez em 2019 na Área Metropolitana do Porto. Em 2021, também foi encontrada na Grande Lisboa e no Algarve. Na Europa, no final do ano passado, já estava presente em vários municípios em Itália, França, Espanha e Portugal. “Uma propagação de Xylella por todo o território europeu poderá custar anualmente à União Europeia mais de 5500 milhões de euros em perdas na produção e 700 milhões de euros em exportações, de acordo com o último relatório disponível do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia”, alerta o InPP em comunicado. Poderão assim estar em causa milhares de postos de trabalho.
“Neste momento, a bactéria já existe em Portugal, mas que saibamos, oficialmente, ainda não provocou doenças. É nesta altura que devemos actuar. No momento em que houver doença, já começa a ser demasiado tarde. Se não se fizer nada, não é tanto como mas quando vai acontecer”, apela Cristina Azevedo, directora do Departamento de Novos Biopesticidas do InPP, que lidera a investigação do biopesticida contra a Xylella fastidiosa. Por enquanto, a investigadora refere que ainda não causou prejuízos em Portugal. “Mas pode vir a causar muitos milhões de prejuízos”, nota. Se as doenças se espalharem pelos olivais portugueses, estima-se que as perdas poderão chegar a 105 milhões de euros por ano, de acordo com dados extrapolados para Portugal a partir dos dados da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar.
Em que fase está?
Por haver ainda uma margem de manobra, a equipa de Cristina Azevedo está a desenvolver um biopesticida baseado […]