A Comissão Europeia lançou no ano passado a sua iniciativa emblemática “Europe’s Beating Cancer Plan – Vamos lutar por mais” (EBCP) para apoiar os Estados-Membros na melhoria do controlo e cuidados do cancro. Esta iniciativa entre outros temas abordou também o consumo nocivo de álcool e incluiu ações na fase de prevenção para combatê-lo.
Agora foram votadas no Parlamento Europeu as alterações ao Relatório da Comissão Especial do Parlamento Europeu para Vencer o Cancro (BECA), e o relatório foi aprovado.
No entender da FENADEGAS a versão inicial, de indiscutível ambição e valor, continha propostas muito penalizadoras para o setor do vinho, especialmente por serem generalistas e não enquadrarem devidamente o consumo de vinho na perspetiva de um bem, parte integrante de uma correta dieta alimentar.
Foram obtidas algumas alterações de vulto, minimizando-se o impacto no sector.
Construtivo num relatório de luta contra o cancro é ser considerado positiva a menção ao consumo nocivo como um factor de risco, desde que, obviamente, associado à defesa de que os alimentos e bebidas devem ser consumidos de forma regrada como parte de uma dieta saudável, rica e equilibrada.
Prevalecendo também a mensagem de moderação e responsabilidade do consumo a ser transmitido nos rótulos.
Assim, quanto à rotulagem, existirão informações sobre consumo moderado e responsável de álcool, sendo que toda a informação relativa a ingredientes e valor nutricional estará disponível off label.
A FENADEGAS congratula-se com esta votação, pois no decorrer de todo este processo desenvolveu, em conjunto com a representação da CONFAGRI em Bruxelas, diversos contatos com as entidades portuguesas, europeias e deputados europeus, no sentido de os sensibilizar para os efeitos negativos para o setor do vinho do que estava proposto para votação.
Também no âmbito do Grupo de Trabalho Vinho da COPA\COGECA, foi desde sempre e firmemente apoiado o objetivo geral de combater o cancro em todas as fases fundamentais da doença. É assim natural que se apoie a “redução do consumo nocivo de álcool” – e não a redução do consumo de álcool em si – como uma prioridade fundamental no capítulo de prevenção da Comunicação da Comissão sobre “Plano de Combate ao Cancro da Europa – Vamos lutar por mais”.
Defendemos por isso que o caminho é o combate ao consumo excessivo/nocivo, a ser conseguido através da educação e conscientização.
Assim, a FENADEGAS defende um reforço de iniciativas como o Wine in Moderation – programa de responsabilidade social lançado em 2008 pelo setor vitivinícola europeu, bem como um reforço, a nível europeu e nacional, de uma política consistente de informação e formação aos cidadãos e consumidores, garantindo que desde cedo e ao longo da sua vida saibam optar por uma dieta saudável e sustentável, como a dieta mediterrânica. Correções rápidas sempre provaram ser ineficazes.
Não devemos esquecer que a viticultura desempenha um papel vital na manutenção do emprego e na garantia da sustentabilidade económica, social e ambiental das áreas rurais onde as alternativas são limitadas. De facto, muitas regiões existem apenas graças à viticultura, que ajuda a manter a população em zonas rurais e a evitar o êxodo rural.
É, consequentemente, natural que a FENADEGAS inste a Comissão Europeia a alcançar os objectivos agora lançados, trabalhando em ligação com o sector.
Álcool. A cruzada contra o cancro pode estampar-se nos rótulos