Presidente da CAP, Oliveira e Sousa, defende que estamos na tempestade perfeita, perante o agravamento dos preços das matérias-primas, o conflito na Ucrânia e a seca no país. É urgente acautelar a produção nacional, os agricultores não podem esperar que o Governo tome posse.
Os agricultores estão esgotados e desesperados, pedem medidas urgentes e imediatas ao primeiro-ministro, António Costa, mas ainda não passaram da ministra da Agricultura, que não deixou sinal de esperança, diz o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), em entrevista à Renascença.
O setor não quer linhas de crédito, mas ajuda para enfrentar aquela que consideram já a pior seca do século no país. Aos consumidores, Eduardo Oliveira e Sousa deixam um aviso: os preços vão continuar a subir. Depois da energia e dos combustíveis, segue-se o supermercado.
O presidente da CAP alerta que estamos na tempestade perfeita, perante o agravamento dos preços das matérias-primas, o conflito na Ucrânia e a seca no país. É urgente acautelar a produção nacional, os agricultores não podem esperar que o Governo tome posse.
Qual é a situação neste momento na Agricultura?
A seca tem vários níveis, mas aquele que mais preocupa os agricultores é a alimentação animal, em particular os animais que estão no campo. Os agricultores estão completamente angustiados, no que respeita à necessidade de adquirirem alimentos suplementares para os animais, isso tem custos muito significativos, as reservas estão a chegar ao fim porque estavam destinadas a ser utilizadas no verão, como é normal, e as próprias culturas que deveriam estar pujantes na entrada da primavera também estão a agonizar e vão perder-se. Os agricultores poderão ainda, depois de vir a autorização de Bruxelas, dar algumas dessas culturas aos animais, mas as pastagens, naturais ou semeadas, estão esgotadas.
Há uma angústia e uma necessidade urgentíssima de ajudar esses agricultores para que não se desfaçam dos animais, que podem vir a fazer-nos ainda mais falta do que habitualmente, face à situação que se está a viver na Europa, cujos contornos estão longe ainda de sabermos quando e como vai terminar.
Já existe algum cálculo dos prejuízos sofridos ou estimados para curto prazo?
Uma quantificação em valor é impossível de fazer neste momento, porque tem vários níveis de abordagem. Não só o prejuízo provocado pela compra de alimentos que não deveriam ser necessários, também o prejuízo dos alimentos que se compram serem mais caros do que o habitual porque há uma escalada de preços das matérias-primas, da energia e até dos transportes, e depois há todos os prejuízos futuros.
É impossível contabilizar neste momento, mas é de certeza absoluta um valor muito grande e, principalmente, é uma descapitalização do setor, que não pode descapitalizar-se para além da angústia que já vivia, fruto do aumento dos custos de produção.
Este conflito agrava uma situação que já era, de si, difícil? Ao aumento dos combustíveis junta-se agora a possível dificuldade de abastecimento de cereais?
Exatamente. Recordo que […]