A falta de chuva no sul de Moçambique pode este ano voltar a prejudicar as colheitas e criar zonas de crise alimentar a partir de junho, segundo um relatório consultado hoje pela Lusa.
“Prevê-se que a precipitação abaixo da média no sul de Moçambique resulte numa colheita fraca, criando áreas de crise [alimentar] no interior das províncias de Gaza e Inhambane, bem como no sul de Manica e Sofala a partir de junho de 2022”, refere a Rede de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews, sigla inglesa) que auxilia operações humanitárias.
Moçambique tem um padrão de chuvas intensas no centro e norte e tempo mais seco no sul.
Apesar dos riscos, “a maioria das famílias em todo o país vive da sua própria produção alimentar e compras no mercado, esperando-se que permaneça em segurança alimentar até setembro de 2022”, nota o documento.
Além da previsão de seca no sul, são ainda assinalados os impactos das tempestades do início deste ano e a continuação do conflito armado em Cabo Delgado como outros riscos localizados para a segurança alimentar no país.
Em janeiro, o Programa Alimentar Mundial (PAM) reforçou a distribuição de rações que passaram a ser suficientes para cobrir 24 dias do mês para cerca de 818.000 beneficiários em Cabo Delgado e Nampula, refere o relatório.
Entre julho e dezembro de 2021, a falta de fundos fez com que os pacotes de ajuda entregues a cada família afetada pelo conflito no norte ficassem abaixo de metade das necessidades energéticas diárias.
Agora, de acordo com o documento, espera-se que as rações mensais reforçadas durem, pelo menos, até final de março, ficando a situação nos próximos meses dependente de financiamento adicional.
“Embora alguns deslocados tenham regressado às suas áreas de origem, a volatilidade do conflito está a manter as necessidades de ajuda humanitária elevadas à medida que novas localizações dentro e ao redor de Cabo Delgado são atacadas”, conclui.