Idalino Leão, presidente da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite, diz que “é urgente” repensar a estratégia de comunicação do sector leiteiro. E pede à indústria de lacticínios “produtos de maior valor acrescentado”.
“Neste momento, no negócio do leite, os três elos da cadeia não estão a ganhar dinheiro”, afirma Idalino Leão, que assumiu a presidência da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac) a 18 de Janeiro e vai disputar a presidência da Agros a 21 de Março. Diz que “o tempo de atirar culpas tem de acabar” e que a produção tem de ser “mais interveniente e incisiva”.
Formada por quatro grandes organizações cooperativas – Agros, Proleite, Lacticoop e Serraleite – que, juntas, abarcam 70 cooperativas de base e 1200 produtores que representam 70% do sector lácteo do continente, a Fenalac quer um ministro da Agricultura “com peso político”. E garante que vai “fazer lobby a favor do sector leiteiro”.
Uma das suas prioridades é trabalhar para a “sustentabilidade económica da produção de leite”. O que é que isso quer dizer?
Quer dizer que a Fenalac, como entidade que defende os interesses dos produtores e cooperativas associadas, vai bater-se nos sítios próprios, na Assembleia da República, nas comissões parlamentares, em Bruxelas ou onde for necessário no sentido de valorizar a fileira do leite. O papel da Fenalac é fazer lobby político a favor do sector leiteiro. Neste momento, por constrangimentos vários, o sector não está a gerar a liquidez de outros tempos. A prova é o desaparecimento, todos os anos, de produtores e, mais alarmante, o número de produtores abaixo dos 40 anos.
Quem são os responsáveis pela falta de liquidez do sector?
O preço do leite é o mais óbvio. Toda a gente concorda que o leite tem de subir ao produtor, mas para subir ao produtor tem de subir em todos os elos da cadeia. O relatório da [subcomissão] da PARCA [Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agro-xalimentar] identificou-o. Aliás, não trouxe grandes novidades a quem está no sector.
Não? Mas foi elaborado com base nos contributos dos players do sector.
Aquilo é um diagnóstico. Estamos fartos de diagnósticos. Precisamos de acções concretas para ultrapassar os garrotes no preço. Li com agrado as declarações do secretário-geral da APED [Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição] a dizer que vão ter de comprar mais produção nacional a preços mais razoáveis. É uma assunção de culpa de que estão a comprar o leite a preços que, neste momento, não cobrem os custos de produção.
A distribuição tem responsabilidade na falta de liquidez no sector?
Todos temos.
Inclusive as cooperativas?
Todos temos. O tempo de atirar culpas tem de acabar. A produção tem de repensar a sua forma de estar, política, ser mais interveniente e incisiva nos sítios próprios. E a indústria vai ter de escoar toda a produção aos melhores preços possíveis e arranjar novos canais de escoamento, através de produtos de maior valor acrescentado. Sabemos que somos excedentários em leite UHT.
A falta de inovação na indústria foi uma das lacunas identificadas no relatório da PARCA.
Nós somos deficitários em outros […]