terra nas mãos

Produção mais eficiente pode reduzir os terrenos agrícolas ocupados em quase metade

Um estudo que juntou geógrafos da Ludwig Maximilian University of Munich (LMU), na Alemanha, e investigadores das Universidades de Basileia (Suíça) e Hohenheim (Alemanha) analisou quanta área de terra poderia ser salva e utilizada para combater a crise climática e a perda de biodiversidade globalmente, através de métodos de produção mais eficientes, e quais seriam os efeitos económicos. O modelo mostrou que em condições otimizadas quase metade dos atuais terrenos agrícolas poderiam ser salvos.  A nível económico, os preços diminuiriam em todas as regiões e a produção aumentaria 2,8%.

“O ponto de partida para o nosso trabalho foi um debate científico atual sobre se é melhor proteger a biodiversidade para cultivar mais extensivamente em mais terra ou mais intensivamente em menos terra, com todos os prós e contras respetivos”, disse a investigadora Julia Schneider, citada em comunicado.

“Neste contexto, estávamos interessados no potencial real de retirar terrenos da produção agrícola e quais os efeitos económicos que a implementação dessa poupança terrestre teria”, explicou. Para responder a esta pergunta, os cientistas usaram um modelo de cultura biofísica baseada em processos para 15 colheitas alimentares e energéticas de importância global para analisar o potencial de poupança de terrenos que poderia ser obtido pela intensificação agrícola.

Na análise assumiram que o fosso de rendimento entre os rendimentos atuais e potencialmente obtidos pode ser colmatado em 80% através de métodos agrícolas mais eficientes – como a utilização eficiente de fertilizantes e a otimização de datas de sementeira ou controlo de pragas e doenças – e que os volumes globais de produtos agrícolas devem corresponder à produção atual.

Os autores chegaram à conclusão global de que, nestas condições, os atuais requisitos globais dos terrenos agrícolas poderiam ser reduzidos entre 37 e 48%. Na Europa e na América do Norte, existe pouco potencial de poupança de terras, uma vez que a agricultura já está fortemente industrializada e o grau de intensificação é muito elevado.

“Em regiões como a África Subsaariana, em contraste, os rendimentos atuais estão, na sua maioria, muito abaixo do que seria possível com base nas condições ambientais locais e com métodos agrícolas otimizados”, relata o coinvestigador Florian Zabel.

No que diz respeito às colheitas individuais, os investigadores identificaram, sobretudo, grandes potenciais de poupança de terras para cereais como o sorgo e o milho, que atualmente são cultivados principalmente por pequenos agricultores em regiões com grandes lacunas de rendimento. No entanto, para culturas como o óleo de palma ou a cana-de-açúcar, que já são cultivadas de forma muito intensiva, o modelo mostrou pouco potencial de poupança de terras.

Pode ler o estudo completo aqui.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


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