sabel Estrada Carvalhais participou no debate “As Consequências Socioeconómicas da Guerra na Ucrânia”, no âmbito do ciclo de conferências A Europa da Proximidade, promovida pela Associação Nacional de Autarcas do Partido Socialista (ANA-PS), em colaboração com a Delegação Socialista Portuguesa no Parlamento Europeu (PE).
Na sua intervenção, a eurodeputada teve oportunidade de salientar que “para responder à crise despoletada pela guerra na Ucrânia é necessário trabalhar uma estratégia de autonomia alimentar que seja pensada para lá de reações conjunturais, como esta”. Segundo Carvalhais estas opções podem ser difíceis, mas têm que ser ponderadas, pois, nas condições atuais “ninguém pode afirmar qual o nosso grau de resiliência e de elasticidade”.
No atual contexto, lembra que “ao contrário da crise provocada pela pandemia, agora a disponibilidade pode estar em causa, pois estes dois países concentram parte substancial da produção mundial de cereais e fertilizantes”.
Paralelamente, a deputada relembrou que a escalada de preços dos principais fatores de produção e de produtos básicos como os cereais, não se iniciou com a guerra contra a Ucrânia. “Já em novembro passado, antes de imaginarmos este cenário de guerra, a FAO alertava para o facto de, em termos de valor real, já estarmos numa crise alimentar só equiparável à vivida nos anos 70”, refere. Contudo, reforça que “a guerra veio exacerbar o problema, recentrando a questão da segurança alimentar na dimensão da disponibilidade de alimentos, o que no contexto da pandemia não se havia verificado”.
Isabel Carvalhais considera ainda que o planeamento de uma verdadeira estratégia de autonomia alimentar para a Europa, não pode ser feita à revelia do princípio da cooperação internacional, reforçando que esta é “fundamental enquanto veículo de construção da autonomia alimentar dos países mais vulneráveis e mais pobres”. Do mesmo modo, considera que uma autonomia alimentar da Europa não se conseguirá à revelia da passagem para sistemas de produção e de consumo que no longo prazo sejam capazes de garantir sustentabilidade económica e resiliência ambiental.
Nesta sessão Isabel Carvalhais, que é membro da Aliança Parlamentar Europeia contra a Fome e a Malnutrição, teve a companhia dos também eurodeputados socialistas Manuel Pizarro e Carlos Zorrinho, assim como da Presidente da Ana-PS e de vários autarcas socialistas.