O Brasil anunciou hoje que pretende arrecadar 1,227 biliões de reais (240 mil milhões de euros) na produção agropecuária em 2022, devido ao aumento geral na produção e preços resultante da guerra com a Ucrânia.
De acordo com um comunicado oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Governo brasileiro espera recolher mais de 2,4% de Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), quando comprado com 2021.
“Esses resultados podem ser atribuídos, em geral, aos aumentos de produção e aos preços. Nesse grupo, destacamos a contribuição de produtos relevantes, como cana-de-açúcar, café, algodão e laranja, que deram grande impulso ao VBP”, indicou Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Responsáveis brasileiros têm vindo a público afirmar que o Brasil, um dos maiores produtores mundiais de cereais, quer ocupar o espaço que a Ucrânia pode deixar no mercado internacional de milho e acredita que tem capacidade para isso, apesar dos muitos desafios que a sua produção ainda enfrenta.
A forte procura e a invasão russa da Ucrânia levaram os preços internacionais do milho ao maior patamar desde 2012, o que está a chamar a atenção dos exportadores brasileiros, segundo fontes do setor ouvidas pela agência espanhola Efe, no final do mês de março.
A Ucrânia e a Rússia juntas representam entre 16% e 18% do mercado mundial de exportação de milho.
Também no final de março, o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, disse que a guerra na Ucrânia pode gerar impactos “positivos” para o Brasil, especialmente nos setores mineiro e agrícola.
Campos Neto salientou que o novo cenário internacional, com a Rússia economicamente isolada pelas sanções e pelas apreensões do Ocidente em relação à China, pode “redesenhar” cadeias de valor globais, o que poderia abrir uma “oportunidade” para o país.
“O Brasil não entrou nas cadeias de valor globais durante grande parte do período de especialização e agora temos a oportunidade de estar muito mais presentes “, disse o chefe do organismo emissor do Brasil, num evento organizado pelo Tribunal de Contas e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
“Há uma oportunidade secular para o Brasil, se estiver no lugar certo, com as políticas certas, entrar nas cadeias de valor globais”, acrescentou.