Acacia4FirePrev

A Ciência Cidadã e a sua contribuição no controlo da invasão das acácias

Diversos ecossistemas florestais em todo o mundo estão ameaçados pela ocupação de espécies de plantas exóticas invasoras, não sendo Portugal uma exceção. Uma das invasoras mais agressivas no nosso país são as espécies do género Acacia, que afetam negativamente o funcionamento dos ecossistemas, alterando o regime dos incêndios e diminuindo a biodiversidade.

Ao longo dos séculos, plantas não-nativas foram introduzidas em Portugal para diversos fins, destacando-se a produção de madeira, reabilitação de solos e ornamental. De acordo com o mais recente inventário florestal, cerca de 20 mil ha de área portuguesa encontra-se atualmente invadida por acácias.

A gestão dos ecossistemas invadidos está a tornar-se um problema cada vez mais complexo. Os resultados de diversos estudos mostram que a erradicação de espécies invasoras é utópica e insuficiente, ou difícil de ser realizada. Desta forma, estratégias e métodos de controlo das áreas afetadas, bem como a duração da sua aplicação, são cada vez mais considerados como vitais para a solução deste problema. No entanto, implementar planos de controle eficazes é um desafio.

Mais de 90% das florestas portuguesas são privadas, dificultando o processo de controlo das acácias em áreas florestais. Existem centenas de milhões de proprietários singulares que nem sempre têm acesso a informações corretas, ao know-how ou até a meios financeiros para a sua resolução.

O projeto Acacia4FirePrev, desenvolvido pelo Instituto Superior de Agronomia/Universidade de Lisboa em colaboração com o Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior (Castelo Branco) procura alternativas viáveis para a gestão destas áreas de forma mais eficiente e com menos custos para os seus proprietários. Uma das tarefas do projeto é o estudo do envolvimento social e a sensibilização pública para o problema da invasão de acácias e a sua relação com os incêndios. Assim, no âmbito da Ciência Cidadã, foram desenvolvidas e organizadas diversas atividades através de um protocolo realizado com as escolas: desenvolvimento de materiais didáticos, aulas interativas indoor e outdoor, desenvolvimento de um guia, trabalhos em campo, entre outras.

No entanto, o envolvimento da comunidade local e a recolha de informações sobre as suas lacunas de conhecimento e necessidades para o controle de áreas afetadas é também importante. Com este propósito, no passado dia 19 de março, foi organizada, pela equipa do projeto e com o apoio da Junta de Freguesia de Silvares (Fundão), uma ação de sensibilização e partilha de conhecimento com a comunidade da vila, localizada no Centro de Portugal.

Numa estreita colaboração dos cientistas e participantes, foram discutidas diversas questões, salientando-se: (i) a seleção dos métodos de controle mais adequados e a frequência da sua aplicação; (ii) procura de conhecimento sobre possíveis alternativas viáveis para a valorização dos resíduos da gestão de acácias; (iii)  identificação dos apoios possíveis ou existentes por parte das autoridades locais na luta contra as acácias e (iv) organização de eventos voluntários para o controle das invasoras., em propriedades públicas e privadas.

Esta abordagem inovadora – a integração no paradigma da ciência aberta – cria condições para a inclusão de múltiplos atores na participação ativa em processos científicos e na definição de programas de investigação, bem como o alinhamento de procedimentos e resultados científicos com expectativas, necessidades e desafios sociais.

Projeto Acacia4FirePrev

Iryna Skulska2

Celina Barroca1

Ofélia Serralha dos Anjos1,3

Soraia Inês Pedro1

Conceição Colaço2

1Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior (CBPBI)
2Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” (CEABN) | Instituto Superior de Agronomia (ISA)
3Escola Superior Agrária (ESA) | Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB)

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