A chuva fez medrar o pasto para os animais, mas os custos não páram de crescer

Há um mês, o PÚBLICO percorria Trás-os-Montes, entre pastos secos e flores sem néctar, com produtores de gado e de mel angustiados pela falta de chuva. Entretanto, a chuva chegou e fez medrar forragens, mas o aumento constante do preço de combustíveis, adubos e rações está a tornar a actividade “insustentável”.

Há pouco mais de um mês o cenário era desolador para os criadores de gado de Boticas a Miranda do Douro. As vacas e ovelhas pastavam em terra seca, sempre em busca de alguma ervinha fresca, e começavam a ser alimentadas a ração, com as reservas de cereais, como o milho e o centeio, e os fenos a escassear. Os campos, que deveriam estar todos verdes com forragens com uns 40 centímetros de altura, estavam amarelecidos, as ribeiras e charcas quase vazias.

“Tanta seca como este ano não me recordo”, dizia-nos Alfredo Cadime, produtor de carne barrosã na povoação de Carreira da Lebre, muito próxima de Boticas. Felizmente, a chuva que começara a cair naquela altura manteve-se ao longo do último mês. “Ajudou e ajudou bastante. Por um lado, evitou as geadas e, por outro, as ervas começaram a despontar e a chegar ao normal”, diz agora o criador.

O rio Beça, quer atravessa uma das suas propriedades, onde as vacas barrosãs, acastanhadas e de cornos gigantes, costumam estar a mastigar ervinhas, já encheu. “Já está quase tudo a normalizar.”

Se em Fevereiro mais de 60% do país estava em situação de seca severa, fazendo deste mês o terceiro mais seco desde 1931, as chuvas do passado mês de Março contribuíram, de facto, para um desagravamento da situação de seca meteorológica em todo o território continental. Este mês acabou por ser o sexto mais chuvoso desde 2000, o que fez com que grande parte do território (81,7%), incluindo aquela região, passasse para uma situação de seca moderada, de acordo com o último boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

A chuva acabou por animar alguns produtores que viam as suas produções a desaparecerem, pondo em risco o ano agrícola que se segue, nota Albano Álvares, presidente do conselho de administração da Cooperativa Agro-Rural de Boticas (Capolib). O responsável confirma as melhorias, ainda que sublinhe ser necessário chover bem mais para repor lençóis freáticos e nascentes.

“Os centeios e os prados estão a recuperar. Obviamente que se ressentiram da seca, mas estas últimas chuvas têm reposto as linhas de água”, diz. A produção, contudo, sairá um pouco afectada pela falta de precipitação no início de Fevereiro, que ajudam a medrar as sementeiras.

Os custos de produção

Apesar de os prados estarem finalmente mais verdejantes, o aumento dos custos de produção continuam a preocupar criadores e cooperativas: a constante subida […]

Continue a ler este artigo no Público.


Publicado

em

, , ,

por

Etiquetas: