Tecnologia, bem-estar animal, marca e sustentabilidade: foram estas as palavras mais ouvidas na conferência ‘O Planeta à Mesa: Agropecuária Ética e Sustentável’, uma iniciativa do Grupo Monte do Pasto, líder na criação de bovinos em Portugal, que contou com a participação na abertura da Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, e de uma série de conceituados especialistas e académicos, naquele que foi um dos momentos altos do primeiro dia da 38ª Ovibeja – Como Alimentar o Planeta. No final, o chef Pedro Sommer brindou os participantes com um show cooking à base d carne True Born.
Para Isabel Ferreira, Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, “Os desafios que o setor agropecuário enfrenta são inúmeros, desde logo a produção de alimentos para satisfazer as necessidades de muitos milhões de pessoas, mas também a cada vez maior promoção de dietas saudáveis e o compromisso com a competitividade e a sustentabilidade. Temos ainda o grande desafio de aportar cada vez mais valor. Os processos produtivos têm de adaptar-se aos atuais níveis de exigência do consumidor, que são altos”.
“Num setor que alimenta o planeta e está presente na vida de todos nós, há um compromisso diário que se mantém inabalável: continuar a inovar e a surpreender os consumidores, oferecendo soluções adequadas e, simultaneamente, éticas e sustentáveis. Acreditamos que, na nossa conferência, reunindo um extraordinário conjunto de personalidades, desconstruímos alguns dos mitos e aparentes contradições associadas ao setor e apresentámos argumentos a favor de uma agropecuária sustentável e criadora de valor”, afirmou Clara Moura Guedes, CEO do Grupo Monte do Pasto.
Refletindo sobre os desafios do sector agropecuário e as Intervenções do Plano Estratégico da PAC para a mitigação das alterações climáticas Eduardo Diniz, Diretor Geral do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) do Ministério da Agricultura, lembrou que nas sociedades ocidentais, o setor da carne está no centro do debate sobre a sustentabilidade e o seu consumo polarizado e, que é necessário que acompanhe o equilíbrio dinâmico dos três pilares do sistema alimentar: consumidor, produtor e regulador, ajudando a estabelecer pontes entre as várias expetativas e ações. Na sua visão o setor agropecuário pode, à semelhança de outros sectores, como o automóvel, através da reestruturação do seu modelo de negócio, avançar significativamente no caminho da sustentabilidade. Ao nível dos novos fundos comunitários de apoio ao setor agrícola, existirão fortes incentivos à transição para um modelo de agricultura de baixo carbono que no futuro poderá ser alavancado através de sistemas de certificação de créditos de carbono que começam agora a emergir no sector privado.
Já Susana Pombo Diretora-Geral da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), ao abordar a ponte (virtuosa) entre a criação sustentável e a criação de valor afirmou que a comissão europeia defende um sistema justo, saudável e respeitador… do prado ao prato o que, para a DGAV, passa por reforçar o conceito de sustentabilidade em cada etapa da cadeia alimentar, contando com tecnologia, inovação e sensibilidade dos produtores relativamente à importância da certificação do bem-estar animal ou da rotulagem dos produtos para que os consumidores entendam a incorporação de valor nos produtos criados de modo ético e sustentável.
Com a participação de conceituados especialistas e académicos ligados ao setor agropecuário em Portugal, de criadores e veterinários a médicos, nutricionistas e marketeers, a conferência ‘O Planeta à Mesa: Agropecuária Ética e Sustentável’ ficou ainda marcada pela realização de dois debates muito intensos, ‘A Inovação, o Green Deal e a Ética da Criação’, e ‘A Valorização da Carne Sustentável, o Novo Consumidor e a Internacionalização. A tónica dos dois debates foi a de que a nova agropecuária mais tecnológica e inovadora é sustentável da “pastagem à mesa”, é capaz de criar os produtos integrando os valores que o novo consumidor procura, mas todos os intervenientes de um sistema de alimentação sustentável – do criador, ao produtor, ao distribuidor, ao consumidor – devem ir mais longe na promoção e adoção de um consumo alimentar consciente, mais saudável, de maior qualidade e com menor desperdício.
O futuro da indústria agropecuária exige um pacto claro e ambicioso entre todos os intervenientes ao longo da sua cadeia de valor com a sustentabilidade e a inovação. Integrada na programação da 38ª edição da Ovibeja, a conferência promovida pelo Grupo Monte do Pasto pretendeu reforçar aquele que é um compromisso essencial à sua própria sustentabilidade: continuar a inovar e a surpreender os nossos consumidores com produtos novos, saudáveis, seguros e, acima de tudo, éticos e sustentáveis. Sublinha-se ainda o enfoque nos projetos, tecnologias e soluções ambientalmente eficientes, como o AgroPV (Agrofotovoltaico).