Conversa Capital com Eduardo Oliveira e Sousa, Presidente da CAP

A CAP acusa o governo de estar a “aproveitar o ambiente de inflação, para quase fazer disso um negócio para proveito próprio”, dinheiro que arrecada sem introduzir na economia, para minimizar os impactos dos custos de produção. Até ao momento, e apesar dos diversos anúncios, os agricultores ainda não sentiram no bolso os efeitos das medidas para combater o aumento dos combustíveis e da energia e relativamente aos apoios anunciados para combate aos efeitos da seca “ainda não chegou um euro aos agricultores”. Apelam ao diálogo com o governo e admitem que a saída do CDS do Parlamento reduziu a capacidade reivindicativa do setor.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, adiantou que o conjunto de medidas anunciadas pelo governo tarda em produzir efeitos. Ainda não há uma redução nos preços da energia, nem dos combustíveis, nem na formação dos preços aos consumidores. Ainda assim, considera que a descida de 20 cêntimos no combustível agora anunciada, poderá ter efeitos no preço final, se efetivamente se mantiver.

Eduardo Oliveira e Sousa diz que o setor está a viver uma terceira crise porque para além da pandemia e da guerra, está a sofrer os efeitos da seca e ainda não recebeu qualquer tipo de apoio, apesar dos sucessivos anúncios da ministra da Agricultura.

O presidente da CAP defende por isso um reforço das ajudas diretas aos agricultores e revela que a própria CAP já pediu ao Comissário Europeu da Agricultura para que seja feito um reforço da transferência do PDR para as ajudas diretas, libertando verbas para ajudar todos os agricultores.

Para ajudar o sector, o presidente da CAP defende que as grandes superfícies sejam ajudadas pelo governo para darem preferência, mais do que já acontece, aos produtos nacionais. “Eles têm o negócio deles e não querem ser a misericórdia dos produtores”, refere Eduardo Oliveira e Sousa, mas, ainda assim, adianta que o que acontece é que neste momento há bens como as couves que estão a ser deitadas fora pelos agricultores, porque o preço de entrega às grandes superfícies é inferior ao valor da colheira, e se colherem perdem dinheiro. Neste contexto e considerando que, apesar da chuva, as consequências da seca ainda se vão sentir com a diminuição das áreas cultivadas e a perda de qualidade de alguns produtos, o presidente da CAP estima que haja um decréscimo de rendimento do setor.

Nesta entrevista, Eduardo Oliveira e Sousa diz que o sector perdeu capacidade reivindicativa em termos de resultados, com o governo do PS, mas está disponível para continuar a dialogar com a ministra da Agricultura. O presidente da CAP admite que a saída do CDS do parlamento faz a diferença no poder reivindicativo e lamenta a resposta “triste” de Rui Rio, que disse à CAP que a agricultura não era estratégica para o PSD. Agora espera que com a mudança de ciclo, haja uma mudança de posição.

Em termos de negociação de política de rendimentos em sede de concertação social, o presidente da CAP diz que o salário mínimo até pode ser superior aos 900 euros em 2026, se a economia tiver os devidos avanços. Não se opõe ao aumento do próximo ano, porque a decisão está tomada, mas mantem em cima da mesa o caderno reivindicativo.

Entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Diana do Mar do Jornal de Negócios.

Veja a reportagem na RTP.


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