A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) pediu hoje ao Governo para que apresente a diretiva financeira deste ano, alertando que só aprovará o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) quando tiver previamente conhecimento de todos os documentos.
“A Liga não está disponível para dar acordo global ao DECIR sem que, previamente, tenha conhecimento e possa analisar todos os documentos associados, nomeadamente a versão final da diretiva financeira. Os bombeiros e as suas associações devem saber com o que contam atempadamente, seja em termos operacionais, seja em termos financeiros”, disse à agência Lusa o presidente da LBP.
António Nunes sustentou que a LBP já tem conhecimento do DECIR para este ano, que deverá ser aprovado na próxima semana na Comissão Nacional de Proteção Civil, mas alertou que o DECIR só receberá um voto de confiança da Liga, quando for conhecida a diretiva financeira para 2022.
O DECIR contempla o conjunto de meios para o combate aos incêndios florestais, enquanto a diretiva financeira estabelece a comparticipação do Estado às despesas resultantes das intervenções dos corpos de bombeiros no âmbito das operações de proteção e socorro e estados de alerta especiais, como materiais e equipamentos, combustíveis e reposições e reparações de veículos, bem como o valor diário pago aos bombeiros envolvidos no combate a incêndios.
“Temos um DECIR onde há um anexo sobre os comportamentos de segurança dos bombeiros para não serem atingidos pelos fogos, mas não tem os valores”, disse, frisando que a LBP tem de “pugnar para que os valores colocados na diretiva financeira cubram as despesas”.
António Nunes disse também que a LBP tem de perceber se a diretiva financeira para 2022 “é ou não a adequada”.
“Uma coisa fundamental da diretiva financeira é garantir que todo o combustível que é gasto pelos corpos de bombeiros no combate aos fogos e nas deslocações está contemplado como ressarcimento, porque ao preço que os combustíveis estão era o suicídio ter preços do ano passado ou ter a metodologia do ano passado”, precisou.
Além dos combustíveis, a LBP exige também que seja atualizado o valor pago aos bombeiros voluntários que integram o dispositivo de combate a incêndios.
No ano passado, os bombeiros voluntários que integravam o DECIR recebiam 57 euros por 24 horas de serviço.
Sobre o DECIR, António Nunes sublinhou não ter a certeza de que os meios de combate são os mesmo do ano passado, defendendo que é necessário conhecer o dispositivo das outras organizações que fazem parte do dispositivo.
“Não conheço o dispositivo da GNR, não sei qual o dispositivo dos novos e famosos sapadores bombeiros florestais, não conhece a capacidade de cada uma das organizações”, disse, garantindo que a LBP vai fazer “os reparos necessários para que a linguagem seja a mesma para todos os agentes de proteção civil”.
O Dia Internacional do Bombeiro assinala-se hoje, comemorando a LBP esta data com um conjunto de atos simbólicos dedicado aos bombeiros que morreram em serviço.
Segundo a LBP, morreram em Portugal 237 bombeiros desde 1980 e foi no ano de 1985 que mais bombeiros morreram em serviço, um total de 18.