A TEFF (Eragrostis tef) é uma gramínea da família das Poaceae que tem níveis de consumo de água e fertilizantes relativamente baixos, atinge bons níveis de produção e qualidade e permite vários cortes anuais.
Nos tempos actuais, a capacidade de produção de alimentos para animais na exploração é um factor chave para a rentabilidade da actividade pecuária em Portugal. A par desta realidade, o cenário actual em que todos vivemos, pressiona de forma clara todos os operadores para encontrar alternativas e estratégias que permitam atingir e responder às necessidades do mercado com a maior rentabilidade possível e maximizando a sustentabilidade ambiental dos processos envolvidos.
Foi neste contexto, que a Lusosem iniciou e promove o desenvolvimento da cultura de Teff em Portugal como mais uma ferramenta importante no âmbito da produção de forragens, particularmente no período Primavera – Verão/Inicio de Outono, com níveis de consumo de água e fertilizantes relativamente mais baixos e níveis de produtividade e qualidade que consideramos muito interessantes nas nossas condições de solo e clima.
Teff (Eragrostis tef) é uma gramínea da família das Poaceae com origem estimada na Etiópia onde é muito utilizada para produção de grão.
É uma planta C4, autopolinizante, intermédia entre planta de climas tropicais e de climas temperados. Sendo uma planta sensível ao aumento do fotoperíodo, no início do Outono reduz fortemente a sua actividade, acabando por terminar o seu ciclo.
Apesar da sua divulgação a nível mundial ter sido inicialmente como produtora de grão, actualmente é utilizada essencialmente como cultura forrageira estando o seu sucesso relacionado com a possibilidade de produção de forragens na Primavera – Verão com relativamente baixos níveis de consumo de água e fertilizantes e atingindo bons níveis de produção e qualidade Permite vários cortes, podendo ser utilizada para pastoreio directo ou para a produção de feno ou mesmo silagem.
Adaptação geográfica e tipo de solos
Não considerando situações extremas, não são conhecidas condições particularmente limitantes para a adaptação da cultura, sendo possível a sua utilização em praticamente todo o tipo de solos e níveis de pH, sendo uma cultura bastante tolerante tanto a condições temporárias de falta como de excesso de água.
Temperatura
É uma cultura muito sensível à geada, em todas as fases do ciclo vegetativo, reduzindo ou mesmo parando fortemente o seu crescimento a temperaturas abaixo de 10-12ºC, não sobrevivendo a temperaturas abaixo de 0º-5ºC. Sementeiras realizadas em situações de temperatura limite poderão conduzir a perdas importantes e à perda de capacidade competitiva relativamente a infestantes. As condições óptimas de temperatura para o desenvolvimento da cultura são acima de 18ºC não sendo particularmente condicionada por temperaturas mais elevadas, podendo haver alguma afectação em condições particularmente mais extremas.
Fertilidade
Apesar de ser uma cultura com baixas exigências, responde a melhores condições de nutrição e fertilidade. O elemento mais crítico é, de longe, o Azoto com necessidades totais da cultura ao longo de todo o ciclo de 80 a 100 unidades deste elemento preferencialmente repartidas ao longo do ciclo. Como programa base pode ser considerada a opção de 20 unidades de N à sementeira e 20 unidades após cada corte, assumindo 3 a 5 cortes ao longo do ciclo. Disponibilidades em excesso de Azoto podem favorecer a acama e não são conhecidas toxicidades por acumulação em excesso de azoto na planta.
Em situações de muito baixa fertilidade em fósforo pode ser benéfica a aplicação de 20 unidades deste elemento à sementeira.
Sementeira
Este é o ponto mais crítico desta cultura.
Com sementes particularmente pequenas (2,9 milhões de sementes/kg) e uma consequente baixa dose por hectare (10 a 12 kg/ha), as condições de sementeira são um factor crítico e muitas vezes de insucesso desta cultura.
A cama da semente deve estar bastante bem preparada devendo ser assegurada uma relativa firmeza da zona superficial. A profundidade de sementeira não deve ultrapassar os 0,3 cm devendo ser assegurado um bom contacto entre a semente e o solo. A passagem leve de um rolo sem arrastamento de terra ou uma rega muito ligeira após sementeira são opções importantes a considerar. Recomenda-se a opção por sementeira na linha.
Considerando que a temperatura é um dos factores relevantes para o sucesso da cultura recomendam-se sementeiras a partir de meados de Abril/início de Maio. Datas de sementeira mais tardias, não sendo limitantes em termos de desenvolvimento da cultura, conduzem a potenciais reduções do número de cortes possíveis.
Sendo asseguradas as correctas condições de temperatura, humidade e profundidade de sementeira é expectável a emergência ocorrer entre 5 a 7 dias.
Teff – Campanha 2021 – Boa adaptação à realidade nacional.
Necessidades hídricas:
Uma vez instalada é reconhecida a considerável tolerância da planta de Teff a condições de falta de água e temperaturas elevadas, no entanto, e apesar das necessidades de água serem relativamente baixas, a adequada disponibilidade hídrica no solo é um factor muito relevante para esta cultura desde a sementeira, sendo importante que para a germinação seja assegurado um correcto nível de humidade.
Em situações limitantes de disponibilidade hídrica verifica-se uma paragem total do crescimento da cultura e consequente fim da cultura se as condições se mantiverem. No entanto, é de referir que em situações limites de falta de água foi relativamente comum novas retomas de crescimento e produção após a reposição dos níveis de humidade do solo.
As necessidades hídricas totais estão fortemente dependentes da região, do solo e do número de cortes, no entanto, e tendo como base a experiência em Portugal nos últimos dois anos devem ser assegurados entre 25 a 40 mm por semana para níveis de produtividade totais entre 13 a 18 Ton de matéria seca em 3 a 5 cortes ao longo do ciclo (Abril/ Maio a meados de Setembro).
Campanha 2021 – Campo de Teff.
Colheita
Considerando datas de sementeira de Abril/Maio e considerando as condições normais de desenvolvimento da cultura é expectável a realização de 3 a 5 cortes até meados de Setembro.
O primeiro corte deverá acontecer entre 40 a 50 dias após sementeira e os seguintes em intervalos indicativos de 30 dias. O estado fenológico ideal de corte deverá ser sempre antes do espigamento da cultura uma vez que, tal como em outras espécies forrageiras, colheitas mais tardias conduzem não só a quebras importantes da qualidade da forragem como a redução de capacidade produtiva nos cortes subsequentes. Os cortes devem ser realizados entre 7 a 10 cm acima do solo sob pena de reduzir de forma importante a produtividade dos cortes seguintes.
As produtividades acima referidas (13 a 18 Ton/ha) são valores já atingidos em Portugal e em linha com as referências técnicas existentes.
Sendo possível a sua utilização em pastoreio directo esta opção só deve ocorrer após a correcta instalação da cultura pelo que só se recomenda a primeira entrada de animais pelo menos 35 a 40 dias após a sementeira.
Apesar de ser uma cultura relativamente versátil em termos de utilização é na produção de feno que esta cultura se destaca particularmente tendo sido conseguidos níveis de qualidade bastante interessantes (12 a 16% de proteína com 90 % de MS).
A forragem de Teff apresenta uma elevada palatibilidade não havendo registos da existência de toxicidade pela presença de compostos tóxicos para animais.
Notas finais:
Apesar de ser uma cultura ainda com níveis de utilização em Portugal relativamente reduzidos a Lusosem acredita ser uma cultura que pode e deve ser considerada como uma alternativa relevante na produção anual de forragens. Os níveis de qualidade e produtividade potenciais associados a níveis de consumo de fertilizantes e água mais baixos constituem um cenário que pode ser particularmente relevante no quadro actual da produção de alimentos para animais.
Texto escrito tendo como base a referência: “Teff Grass: Crop Overview and forage production guide”, Barenbrug USA