Estudo publicado na revista Nature Sustainability indica que taxas de incêndios nas zonas de conservação em Madagáscar subiram mais de 200% nos meses após o primeiro confinamento geral — que levou a que as áreas protegidas deixassem de ser vigiadas.
Com o início da pandemia de covid-19 e os primeiros confinamentos, as áreas de conservação em Madagáscar deixaram, durante alguns meses, de ser vigiadas. Isso terá motivado um aumento de incêndios “dramático”, apontam os autores de um estudo publicado esta quinta-feira na revista Nature Sustainability.
Uma equipa internacional de cientistas de duas universidades, a de Helsínquia (Finlândia) e a de Cambridge (Reino Unido), serviu-se de dados históricos (e contemporâneos) sobre incêndios e clima para tentar perceber como é uma época de incêndios “normal” em Madagáscar. A partir desse trabalho, foi elaborada, para todos os meses entre 2012 e 2020, uma previsão das taxas de área ardida nas zonas de conservação da nação insular.
Posteriormente, os investigadores analisaram imagens capturadas por satélites da NASA que lhes permitiram detectar “anomalias térmicas”. Assim, foram contados os incêndios que realmente ocorreram e identificados os períodos em que o número de fogos foi anormalmente elevado.
O que diz o estudo? Quando os primeiros confinamentos de 2020 levaram a que o trabalho de gestão das áreas protegidas de Madagáscar fosse posto em stand-by, o número de incêndios disparou. Mais especificamente, subiu 209% em Março, 223% em Abril, 78% em Maio, 248% em Junho e 76% em Julho. Os números regressaram aos valores “normais”, ou previstos, quando se decidiu o desconfinamento e as zonas de conservação voltaram a ser vigiadas.
“A disrupção causada pela covid-19 demonstra de forma clara o impacto dramático que interrupções à gestão de áreas protegidas podem ter nos habitat”, sintetiza Andrew Balmford, professor de Ciências da Conservação na […]