Dia Mundial do Ambiente Da lenta � r�pida agonia
Os �ltimos anos foram anos em que se agravou a situa��o a nível. ambiental por todo o mundo. O aumento da da destrui��o de ecossistemas, habitats, especies e da instabilidade do clima � por demais evidente e amplamente reconhecido. Ap�s o colapso financeiro a situa��o agravou-se. A questáo ambiental � literalmente ignorada, mesmo perante desastres ambientais a um ritmo sem precedentes. A perspectiva econ�mica dominante e hegem�nica coloca em todos os momentos o primado do curto-prazo sobre a viabilidade do planeta a longo-prazo. Compreender�o os principais decisores nacionais e internacionais que estáo a preparar o colapso da civiliza��o em que vivemos?
As cheias e as secas sucedem-se, em locais onde antes tal não ocorria. A desertifica��o avan�a em v�rios terrenos que antes continham o avanão dos desertos, em ecossistemas estáveis, que j� não o são. As zonas h�midas, de import�ncia inultrapass�vel, não apenas para a conserva��o da biodiversidade como para a regula��o clim�tica, ocupam hoje menos de 50% da área que ocupavam em 1900. Os oceanos, depredados pela pesca massificada perdem hoje a sua capacidade de depura��o e a sua capacidade de sustentar popula��es saud�veis de peixe. As zonas de protec��o, as legisla��es reguladoras, as conven��es e as estratégias nacionais e internacionais são constante e coerentemente ultrapassadas, ignoradas, sabotadas. Por truques sem�nticos ou simples arrog�ncia pol�tica e econ�mica, as regras são para obedecer apenas quando tal não causa obstru��o ao �progresso�.
Perante uma crise econ�mica sem paralelo desde a Grande Depressão, os principais países e pot�ncias apostam na intensifica��o, na industrializa��o da agricultura e da floresta, na reindustrializa��o de países que j� haviam feito uma transi��o para modelos econ�micos p�s-industriais. Um regresso � economia de utiliza��o intensiva dos solos e dos recursos naturais, com uma capacidade cada vez maior de extrac��o e de destrui��o. A sustentabilidade � apenas uma palavra a colocar em pref�cios de documentos de apresentação de projectos e justifica��es como �interesse nacional�. Os pequenos remendos que são as compensa��es traduzem-se regra geral em solu��es insustent�veis sem o cont�nuo acompanhamento e meros adornos para a perda de processos milenares. Enquanto isso, o ambiente humano acompanha esta tend�ncia, com elevada degrada��o das condi��es de vida, em particular no que diz respeito ao usufruto de um ambiente saud�vel, limpo e estável a m�dio-longo prazo.
As solu��es propostas manifestam-se em grandes planos como a nova Pol�tica Agr�cola Comum, que rejeitou uma componente ambiental que garantisse que o servi�o remunerados pelos cidad�os europeus acarretasse a presta��o de serviços ambientais, dando uma vez mais r�dea livre ao patroc�nio com dinheiros públicos de pr�ticas econ�micas sem presta��o de contas. Para sa�da para a crise, insiste-se num novo grande programa de industrializa��o do país, ao mesmo tempo que se autorizam centenas de contratos de prospec��o e pesquisa para a minera��o a juntar �s centenas de concess�es j� em funcionamento e se liberaliza a plantação de especies ex�ticas como o eucalipto.
A defesa do ambiente � a defesa da vida, assim como o ataque ao ambiente � um ataque � vida. As concep��es ideol�gicas que conformaram o pensamento econ�mico actual ignoram orgulhosamente a questáo ambiental, procurando através de uma imag�tica mental projectar um modelo econ�mico em que apenas conta a livre circula��o de bens e de riquezas. Ignoram o futuro e fazem tudo para hipotecar nas pr�ximas (poucas) d�cadas o futuro da civiliza��o em que todos crescemos e vivemos.
A recente informação de que os países do Sul da Europa, nomeadamente Portugal, Espanha, Gr�cia, It�lia, Chipre e Fran�a são aqueles onde mais se perde a biodiversidade são um indicador não apenas de que estes são países onde h� uma maior biodiversidade, mas onde de facto pouco se faz para conserv�-la, antes pelo contrário. A maior riqueza dos países � a sua natureza e os seus habitantes. Ambos são preteridos neste momento hist�rico.
O ambiente � o futuro e o ambiente somos todos n�s. O ambiente exige continuar a ter e a ser um futuro. Esse futuro terá que ser ganho contra a perspectiva econ�mica que avan�a inabal�vel para a destrui��o do ambiente e da civiliza��o. O trabalho encetado pela cidadania, pela sociedade civil e pelas organizações ambientais como a LPN prosseguirá. Estamos e estaremos aqui para dar o contributo decisivo neste aut�ntico combate em que se tornou o tempo em que vivemos. Para que o Dia Mundial do Ambiente não possa passar a ser um dia de recorda��o, mas sim de celebra��o.
A Direc��o Nacional da Liga para a Protec��o da Natureza
Lisboa, 5 de Junho de 2013
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