Há quem não saiba e fala demais. Há quem saiba e não é ouvido

 

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 –  12-09-2013

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H� quem não saiba e fala demais. H� quem saiba e não � ouvido

Os períodos estivais são pr�digos em acontecimentos medi�ticos de oportunismo (pessoal e institucional) e de populismo.

A pretexto da destrui��o e das mortes causadas pelos inc�ndios florestais montam-se estratégias pessoais e institucionais que aparentam necessitar destes acontecimentos catastr�ficos para sobreviver. Ser� Também a isto que se apelida de �ind�stria do fogo�, ou seráo muitos destes protagonistas os porta-vozes desta �ind�stria�?

O facto � que se papagueiam alarvidades em cada Ver�o.

Veja-se apenas e s�, sobre a famigerada limpeza das florestas:

1. No pr�prio conceito e operacionaliza��o de limpeza, estes protagonistas parecem confundir limpeza das florestas com a limpeza do p� dom�stico, ou mesmo com a��es de voluntariado para a recolha de lixo dom�stico ou industrial, irresponsavelmente depositado por indiv�duos sem escr�pulos nos espaços florestais.

No que respeita �s florestas, não se percebe se a refer�ncia � a limpezas interespec�ficas ou intraespec�ficas, ou ambas. Nas interespec�ficas será removida qualquer coisa, ou h� que evitar a remo��o de certas especies flor�sticas, p.e. as protegidas? Nas intraespec�ficas, quais as habilita��es necess�rias para decidir que plantas são removidas ou são deixadas intactas no local?

Sobre a operacionaliza��o dessas limpezas em florestas, os apologistas medi�ticos referem-se a limpezas por meios manuais (talvez), por meios motomanuais (menos prov�vel), por meios mecúnicos (s� se forem propriet�rios das m�quinas), por meios qu�micos (desaconselh�vel � pele), ou pelo pastoreio (como se controlam os bichos?) ou pelo fogo controlado (de potencial efeito 2 em 1, em caso de descontrolo, limpa a floresta e o �limpador�)?

2. Na designa��o de determinados grupos sociais no envolvimento em a��es de limpeza das florestas, � comum a designa��o dos desempregados, dos benefici�rios do RSI ou dos reclusos.

Ora, por um lado importa ter em conta que estes grupos não são homog�neos, designadamente quanto �s motiva��es, �s qualifica��es e �s experi�ncias dos seus integrantes.

Por outro, não se assemelhando a uma limpeza do p� dom�stico, quem custeia a forma��o destas pessoas para a��es de limpeza florestal e por quantas vezes essa forma��o terá desempenho pr�tico? Gastar fundos públicos para formar e aproveitar s� um ano � facilmente classificado como despesismo. Formar-se-�am equipas permanentes? Os Serviços Florestais tinham-nas em tempos que l� v�o!

3. Em que terrenos ocorrer�o tais opera��es de limpeza e quem as custeia?

Em matas públicas? Bom, são apenas e t�o s� 2% da área florestal nacional. Se carecem de interven��o neste dom�nio? Efetivamente carecem, neste e noutros. E até existe dinheiro público para tal, suportado por todos n�s, enquanto consumidores de combust�veis nas nossas viaturas. Parte do custo por litro reverte para o Fundo Florestal Permanente. E da�? Da cartola t�m sa�do s� coelhos!

Ser� para limpeza em superf�cies florestais privadas? Bom, mas estas t�m dono e este tem direitos salvaguardados na Constitui��o. não se discute aqui se bem ou mal, � um facto!

E quem custeia estas interven��es? Os pr�prios propriet�rios privados, esmagadoramente fam�lias e comunidades rurais, ou os contribuintes?

Bom, para serem os propriet�rios rurais, pressup�e-se que o fa�am face a rentabilidade dos neg�cios de que possam usufruir nas suas terras, seja na produ��o de bens (madeira, corti�a,…), seja na produ��o de serviços (lazer, paisagem, combate � erosão, regulariza��o dos regimes h�dricos � vulgo, segurar as margens de linhas de �gua para evitar cheias, no sequestro de carbono, …). A este respeito, menciona o INE que a atividade silv�cola está em decl�nio progressivo.

Os mercados tradicionais de produtos silv�colas evidenciam uma concorr�ncia imperfeita, dominados que estáo por oligop�lios industriais, com estratégias empresariais extrativistas.

O rendimento l�quido dos propriet�rios decresce h� d�cadas, o resultado � o abandono e a migra��o para o litoral ou a imigra��o (vejam-se os v�rios Census).

Para ocorrerem opera��es de limpeza e necess�rio que ocorra uma gestáo florestal ativa. E o que � a gestáo florestal ativa? �, sinteticamente, a aplica��o de m�todos comerciais e de princ�pios t�cnicos na administração de uma propriedade florestal.

O que temos n�s crescentemente em Portugal? Uma situa��o de abandono da gestáo, quase generalizada em regi�es onde predomina o minif�ndio, coincidentemente as de maior risco no que respeita � propaga��o dos inc�ndios.

Importa ter presente que, a aus�ncia de gestáo não � mais do que uma forma de gestáo adequada �s expectativas de rentabilidade do neg�cio. Se estas são negativas ou nulas, o resultado � a não gestáo, o abandono e os inc�ndios c�clicos.

Desta forma, importa ouvir quem sabe, especialistas em florestas, em economia agr�ria, em sociologia rural, em ordenamento do territ�rio, em conserva��o da Natureza e autarcas. Estes curiosamente, ao contrário dos habituais, não t�m sido apologistas dos circos medi�ticos estivais.

Lisboa, 11 de setembro de 2013

A Dire��o da Acr�scimo


Apontadores relacionados:

Artigos

  • Agronotícias (11/09/2013) – Comissão Parlamentar de Agricultura aprova grupo de trabalho para os inc�ndios

S�tios

  • Acr�scimo – Associa��o de Promo��o ao Investimento Florestal


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