O presidente da Câmara de Figueiró do Vinhos, Jorge Abreu, considerou hoje ter havido bom senso por parte do Ministério Público, que pediu a sua absolvição dos crimes pelos quais está acusado no processo dos incêndios de Pedrógão Grande.
“Em relação a Figueiró dos Vinhos, acho que a nível do Ministério Público imperou o bom senso”, afirmou Jorge Abreu à saída do Tribunal Judicial de Leiria, onde hoje tiveram início as alegações finais do processo sobre os incêndios de Pedrógão Grande, em junho de 2017, após os quais foram contabilizados 63 mortos e 44 feridos quiseram procedimento criminal.
O autarca, que viu o MP pedir a sua absolvição de todos os crimes, lembrou que o processo está “a meio do percurso” e afirmou-se “esperançado” com a decisão do coletivo de juízes, quer em relação ao seu caso, quer “a toda a situação”.
“Acho que devem justiça a todos” os 11 arguidos do processo que, no entender de Jorge Abreu, são “praticamente todos aqueles que lutaram e tentaram defender as pessoas” nos incêndios.
Recusando dar a sua opinião sobre se o MP deveria ter pedido a absolvição de outros arguidos no processo, o presidente da Câmara mostrou-se confiante “na justiça”.
O advogado do autarca, Ricardo Ferreira da Silva, disse aos jornalistas não estar surpreendido com a posição do MP, considerando o pedido de absolvição como “um reconhecimento” do que defendeu em tribunal.
O causídico afirmou ainda que irá demonstrar nas alegações que no concelho de Figueiró dos Vinhos “a gestão da faixa de gestão de combustível estava calendarizada para o ano de 2019” e que o incêndio ocorreu dois anos antes, provando que o “plano aprovado estava em vigor e a ser cumprido, com o Gabinete Técnico Florestal constituído, com mais meios humanos e com meios técnicos”.
Em causa neste julgamento estão crimes de homicídio por negligência e ofensa à integridade física por negligência, alguns dos quais graves. No processo, o Ministério Público contabilizou 63 mortos e 44 feridos quiseram procedimento criminal.
Os arguidos são o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, então responsável pelas operações de socorro, dois funcionários da antiga EDP Distribuição (atual E-REDES) e três da Ascendi, e os ex-presidentes das Câmaras de Castanheira de Pera e de Pedrógão Grande, Fernando Lopes e Valdemar Alves, respetivamente.
O presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, também foi acusado, assim como o antigo vice-presidente da Câmara de Pedrógão Grande José Graça e a então responsável pelo Gabinete Florestal deste município, Margarida Gonçalves.