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– 02-04-2014 |
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Equipa da Universidade de Aveiro vai estudar a mitigação da erosão do solo que ocorre depois dos incêndios florestais
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Ninguém sabe em que estado se encontra a saúde dos solos portugueses. Certo é que a variedade e a intensidade das ameaças são enormes. Entre os culpados, a desertificação e a impermeabilização dos terrenos surgem à cabeça de uma imensa lista de fenómenos. Para avaliar pela primeira vez o estado dos solos nacionais, identificar e estudar os fenómenos que os afectam e desenvolver soluções inovadoras para impedir que, a longo prazo, o sul do país – principalmente – se transforme num deserto árido, uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) tem já as mangas arregaçadas. A missão dos cientistas portugueses faz parte do RECARE. O projecto, o maior da União Europeia no que toca ao estudo de medidas de prevenção e remediação da degradação dos solos europeus, é lançado oficialmente a 1 de Abril e conta com uma equipa multidisciplinar de investigadores de 27 organizações do velho continente.
“Neste momento é-nos difícil fazer uma avaliação global do estado dos solos em Portugal, não só pela variedade de ameaças mas também porque há muito falta de informação, tanto no que diz respeito ao estado de degradação dos solos como sobre a intensidade com que muitos dos processos de degradação estão a decorrer”, garante Jan Jacob Keizer investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO) da UA. Ainda assim, o coordenador do RECARE em Portugal e especialista em erosão, em particular na que ocorre depois dos incêndios florestais, aponta que “entre os principais problemas que o país enfrenta em termos dos seus solos figuram, sem dúvida nenhuma, a desertificação e a impermeabilização”.
Uma das pioneira em Portugal no estudo dos processos erosivos e em medidas de combate ao fenómeno, a equipa da UA, a única nacional presente no RECARE, vai focar-se essencialmente nos processos de erosão do solo português após a ocorrência de incêndios e, em particular, na sua mitigação através de medidas de estabilização de emergência. “Durante os últimos anos, a nossa equipa de investigação tem testado, de forma bastante exaustiva, algumas das chamadas medidas de estabilização de emergência pós-fogo”, aponta Jan Jacob Keizer. “Uma vez que o solo é um recurso natural que não é renovável, pelo menos em períodos tão curtos como uma ou até mais gerações humanas, nunca é cedo demais para prevenirmos a degradação dos solos e para começar a restaurar os que já estão muito degradados”, diz.
O responsável pelo RECARE em Portugal garante que “esses estudos têm demonstrado que a aplicação de um coberto de materiais orgânicos, como por exemplo resíduos florestais [‘mulching’, na língua inglesa], sobre um solo queimado permite reduzir significativamente não só as perdas do solo mas também as perdas de muitos nutrientes contidas nas cinzas e nas camadas superficiais do solo”. É de realçar, diz Jan Jacob Keizer, que “o mulching provou ser eficaz tanto quando efectuado logo após um incêndio como após o corte de árvores”.
A contaminação dos solos, seja pela ação do fogo, seja por práticas agrícolas, e as perdas de matéria orgânica e de biodiversidade do solo são outros dos aspectos a que os investigadores da UA se têm dedicado quando o tema é a degradação dos terrenos e que, naturalmente, estarão também em cima da mesa durante os cinco anos de duração do RECARE.
Europa unida em prol dos solos
“A parte interessante deste projecto é que ele procura observar os solos em toda a Europa. O projecto RECARE inclui 17 casos de estudo de ameaças ao solo, onde se irão estudar as várias condições que ocorrem pela Europa e encontrar soluções apropriadas usando uma abordagem inovadora, combinando conhecimentos científico e local”, explica Coen Ritsema, investigador do Departamento de Física do Solo e Ordenamento do Território da Universidade de Wageningen (Holanda) e coordenador do projecto financiado em 9 milhões de euros.
“Dado o estado crítico do ambiente”, aponta o responsável pelo RECARE, “é essencial que os resultados e os produtos da investigação sejam partilhados entre cientistas mas também disseminados aos que trabalham com os solos e aos que prestam consultoria e apoio à sua gestão e utilização, para que os solos possam funcionar o mais efectivamente possível, para benefício de todos”.
A partilha de informações entre os cientistas das 27 instituições presentes no RECARE é mesmo um dos grandes objectivos do projecto de forma a que, no futuro, se possa proteger com maior eficácia os solo da Islândia ao Chipre. “Devido ao aumento da intervenção humana e à gestão não sustentável, os solos estão actualmente sob crescente ameaça de um amplo conjunto de processos de degradação, como a erosão do solo, a compactação, a desertificação, a salinização, a impermeabilização e a perda de matéria orgânica e de biodiversidade”, aponta Coen Ritsema. Os solos, conclui o responsável, “necessitam de ser protegidos e conservados adequadamente para assegurar que as múltiplas funções que desempenham para toda a sociedade não são destruídas ou reduzidas”.
Fonte: UA
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