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– 23-07-2014 |
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Mais de 90% da madeira moçambicana destinada à China é ilegal
A quase totalidade da madeira importada pela China de Moçambique (93%), resulta de abates ilegais, colocando o desbaste nas florestas muito além dos níveis sustentáveis, alerta um relatório da Agência de Investigação Ambiental (EIA, na sigla em inglês). De acordo o relatório da EIA, divulgado hoje por aquela organização não-governamental do Reino Unido, a China é a principal responsável pela destruição das florestas tropicais em Moçambique, e, se os volumes de abate excessivo continuarem, as reservas comerciais estarão quase esgotadas nos próximos 15 anos. Segundo o documento, a exploração ilegal de madeira por empresas chinesas, com conivência de altos quadros do Governo moçambicano, privou o país de cerca de 108 milhões de euros em impostos desde 2007. A EIA exige a suspensão imediata de todas as exportações de madeira em Moçambique, para garantir que se reúnam condições sustentáveis para o consumo e comércio dos recursos florestais do país. Em 2013, a agência publicou o primeiro relatório, intitulado Conexões de Primeira Classe, denunciando a exploração ilegal de madeira por empresas chinesas com conivência de altos quadros do governo moçambicano, nomeadamente o atual ministro da agricultura, José Pacheco, e o seu antecessor, Tomás Mandlate. A Procuradoria-Geral da Republica de Moçambique (PGR), através do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), instaurou um processo para investigar o caso e, recentemente, declarou ambos inocentes. Em comunicado divulgado a 19 de Junho pelos órgãos de comunicação social e a que a Lusa teve acesso, o GCCC diz, sem referir os nomes, que não encontrou provas de envolvimento de Pacheco e Mandlate no contrabando de madeira, mas afirma ter apurado elementos indiciadores contra as empresas chinesas Mozambique First International Development Ltd (Mofid) e Enlian International Investment Corporation in Mozambique Ltd. "Da investigação resultou, no entanto, existirem indícios fortes de envolvimento das empresas em questão, tanto em actos de contrabando de madeira, como em infracções de natureza administrativa", refere-se na nota de imprensa do GCCC. "Assim, apurou-se que, entre 2011 e 2012, uma delas exportou cerca de 6.400 metros cúbicos de madeira diversa e a outra exportou, entre 2007 e 2009, cerca de quatro mil metros cúbicos", indica o comunicado. Uma vez que o contrabando de madeira não é tipificado como crime em Moçambique, as duas empresas serão sujeitas a sanções pecuniárias e administrativas. Na investigação da EIA, José Pacheco e Tomás Mandlate eram descritos como "facilitadores" no contrabando de madeira e uma gravação oculta mostrou um gestor chinês de uma das empresas suspeitas a referir-se ao actual ministro da Agricultura como "um irmão". Tanto José Pacheco como Tomás Mandlate rejeitaram veementemente as acusações de envolvimento no contrabando de madeira logo que a ONG britânica divulgou os resultados do seu trabalho. O relatório divulgado hoje volta a indicar a China como o país que mais importa, exporta e consome madeira no mundo, além de ser o principal responsável pela destruição das florestas tropicais. Fonte: Lusa
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