Incêndios nas Serras – José Pedro Gil

Sou um mero turista, que faz dos seus fins de semana, de modo habitual, inúmeras incursões pelas Beiras e pelo Norte de Portugal.

Tanto o Caramulo, como a Estrela e o Açor, são Serras que detinham uma imensa beleza e magia, fruto da sua geografia própria e, nela incluída, de uma vegetação peculiar e densa, características únicas que, quem viaja procura, ao fugir do cansaço da cidade.

Os incêndios constantes, obviamente de mão criminosa, ligada a interesses económicos imediatos, têm destruído tudo aquilo que no fundo, me fazia, a mim, e a muitos milhares de pessoas, viajar para esses locais.

Diga-se mesmo que estão a tentar acabar com a galinha dos ovos de ouro, que a região das Beiras, tão orgulhosamente possuía!
A imagem de destruição que hoje podemos assistir leva-me a não ter vontade de colocar mais os pés, nessas terras, outrora belas.

Garanto-lhes que praticava um turismo de qualidade, e que, tal como eu existem inúmeras pessoas que me acompanham neste abandono dessas terras, como destino de passeio, pois para ver miséria e destruição, já nos basta a televisão.

Este aviso destina-se a ser entendido, em primeira mão, para os profissionais do turismo que, têm de entender, que sem floresta nessas serras, deixará de haver turismo!

Diz isto quem, durante o Ano se desloca, por puro amor, às Serras, mais de 10 ou quinze vezes!

Sou um verdadeiro apaixonado pela região das Beiras, sem, no entanto, nelas ter nascido.

Todavia, todos sabemos que a região das Beiras possui uma mística muito própria, que a mim me atrai muito, em especial.

É necessário que esta mensagem seja entendida, e bem entendida, e que se unam, aqueles que desejam continuar a explorar turisticamente as supra referidas zonas, para que se proceda a uma rápida reflorestação das zonas ardidas, mas atenção…não com eucaliptos, mas sim preferencialmente com árvores autóctones, tão características da zona, como os carvalhos, os castanheiros, os teixos, os pinheiros de altitude, e outras tantas que me não recordo agora.

Garanto-lhes, sem o elemento da floresta, e de uma floresta viva e forte, bem cuidada, essas zonas turísticas tendem a desaparecer e a sofrerem graves quebras em receitas de turismo.

Bem se sabe que não existe turismo de qualidade que se destine a ver áreas ardidas e desarborizadas!

Será preciso não esquecer, quais os motivos que levam as pessoas das cidades, a se deslocarem para as zonas serranas e campestres…!!! – a bom entendedor… – obviamente, o turismo de qualidade não vai à procura de cimento, de alcatrão e de desertificação, mas sim de verde, de árvores, de montanha, de ar puro, e de todo um conjunto harmonioso e belo que formam as montanhas povoadas de floresta.

Este é um grito de alerta destinado, a quem efectivamente tem poderes para decidir e efectivamente deseja preservar e incrementar o turismo nessas zonas.

Pois, com a situação actual, são milhares os turistas que se recusam a viajar até tais zonas, enquanto durar a situação triste a que todos nós assistimos esta semana, e nos últimos anos, com a proliferação dos incêndios e a destruição do património natural, que, constitui o único fundamento da existência do turismo nas montanhas, e mais concretamente, nas Beiras.

Cabe assim, a quem tem algum poder e/ou influência, a iniciativa de inverter o estado actual da situação, e promover a devolução urgente às Beiras, da sua beleza de outrora.

Estou plenamente convencido que, se assim não for, cada vez menos turistas se deslocarão às Beiras, e cada vez mais essa região irá sofrer o abandono, mesmo daqueles que delas tanto gostam.

José Pedro Gil
Um leitor do Agroportal

(*) – O presente artigo foi espontaneamente enviado ao Agroportal por um utilizador, tendo o Editor considerado o seu conteúdo com actualidade e interesse que justificava a sua publicação.


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