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Putin descreve pressão sobre a Rússia como “praticamente uma agressão”

O presidente russo, Vladimir Putin, descreveu, esta sexta-feira, como “praticamente uma agressão” a pressão de alguns “países hostis” que adotaram sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia.

“As vantagens da política de integração são agora especialmente evidentes na atual situação internacional complexa, em condições de praticamente uma agressão por parte de alguns Estados hostis”, disse Putin na cimeira da União Económica Eurasiática (UEE), citado pela agência espanhola EFE.

Numa intervenção por vídeo, Putin disse que a Rússia considera como uma prioridade o aprofundamento da parceria com todos os Estados da UEE, a organização económica regional que também integra Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão e Quirguizistão.

Putin apoiou a prorrogação do acordo provisório de comércio livre entre a UEE e o Irão atualmente em vigor. Referiu que, graças ao acordo, o comércio entre a UEE e o Irão aumentou 73,5% em 2021, para 5.000 milhões de dólares (mais de 4.600 milhões de euros ao câmbio atual).

Putin apelou aos seus homólogos da UEE para que prestem especial atenção às questões de segurança alimentar, devido à situação mundial.

“Os nossos países dão um contributo importante para a solução destes problemas, e a Rússia e todos os membros da nossa organização comportam-se com a maior responsabilidade”, afirmou.

O líder russo disse ainda que a UEE “é o maior exportador mundial de produtos agrícolas” e toma “todas as medidas possíveis” para “assegurar a estabilidade das cadeias de abastecimento”.

A União Económica Eurasiática foi constituída em 01 de janeiro de 2015, e abrange um território de mais de 20,8 milhões de quilómetros quadrados com mais de 182 milhões de habitantes.

De acordo com a organização, a UEE prevê a “livre circulação de bens, serviços, capital e trabalho” no espaço dos cinco Estados-membros.

A guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro, provocou uma subida dos preços da energia e de bens essenciais a nível mundial, agravada pelas perturbações das exportações de produtos agrícolas ucranianos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou esta semana para os “sinais óbvios” de uma crise alimentar mundial devido à guerra da Ucrânia.

Numa intervenção no Fórum Económico Mundial, em Davos, Suíça, Von der Leyen acusou a Rússia de “bombardear deliberadamente armazéns de cereais em toda a Ucrânia” e de “bloquear navios ucranianos cheios de trigo e sementes de girassol”.

Acusou ainda Moscovo de estar a “acumular as suas próprias exportações de alimentos como forma de chantagem, retendo os fornecimentos para aumentar os preços globais, ou negociando trigo em troca de apoio político”.

“Isto é usar a fome e os cereais para exercer o poder”, denunciou então a presidente da Comissão Europeia.

Em conjunto, segundo a revista britânica “The Economist”, a Ucrânia e a Rússia fornecem 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol.

Recentemente, o vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, disse que muitos países “vão ficar muito mal sem os abastecimentos da Rússia” e que a falta de fertilizantes russos vai fazer “crescer apenas erva daninha” nos campos europeus.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 93.º dia, já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito superior.

A invasão russa foi criticada pela generalidade da comunidade internacional.

A UE e países como os Estados Unidos, o Reino Unido ou o Japão têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos e fornecido armas às tropas ucranianas.


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