O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje à França para não ceder à “chantagem” russa sobre o fornecimento de alimentos, numa reunião com a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna.
O gabinete de Zelensky, num comunicado em que resume as conversações, acusa a Rússia de estar a usar questões de segurança alimentar numa tentativa de aliviar as sanções internacionais, de saquear cereais e equipamentos agrícolas de regiões que as suas tropas controlam e de obstruir as exportações de cereais da Ucrânia.
Zelensky e Colonna discutiram as sanções à Rússia, o envio de armamento para apoiar o exército ucraniano e as aspirações da Ucrânia para aderir à União Europeia.
Moscovo pressionou o Ocidente a levantar sanções impostas devido à guerra na Ucrânia, procurando atribuir a culpa de uma crise alimentar crescente à incapacidade de Kyiv de exportar cereais enquanto estava sob ataque.
A diplomacia francesa assegurou hoje que “continuará e fortalecerá” as entregas de armas à Ucrânia, apesar das críticas a Paris por parte de Moscovo.
A Ucrânia diz que está grata à França por apoiar sanções fortes aprovadas e previstas pela União Europeia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, que também se reuniu com a homóloga francesa, sublinhou que é importante que Colonna também tenha visitado Bucha, nos arredores de Kyiv, onde ocorreram massacres de civis, pelos quais as autoridades ucranianas acusam as tropas invasoras russas.
Após a partida desta localidade dos soldados russos, no final de março, e a descoberta de centenas de corpos de civis ucranianos, Bucha tornou-se o símbolo dos crimes de guerra atribuídos à Rússia pela Ucrânia.
“Não deve acontecer, não deve acontecer de novo”, declarou a chefe da diplomacia francesa depois de visitar uma igreja ortodoxa com paredes brancas, onde estavam expostas fotografias dos massacres.
A ONU confirmou hoje que 4.074 civis morreram e 4.826 ficaram feridos até agora na guerra, que dura há mais de três meses, admitindo que os números reais poderão ser muito superiores.
A Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia a 24 de fevereiro que foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com ajuda financeira e o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição a Moscovo de sanções políticas e económicas sem precedentes.