A Comissão Europeia argumentou hoje que o aumento da produção agropecuária na União Europeia não é a “solução mágica” para a crise alimentar global causada pela invasão russa da Ucrânia.
Em causa está o bloqueio dos portos do Mar Negro pelos militares russos, o que impede a Ucrânia de exportar os seus cereais.
“Aumentar a produção na União Europeia não é a solução mágica para ajudar os nossos passeiros internacionais, nem os países em desenvolvimento, nem a própria Ucrânia”, disse o comissário do Ambiente europeu, Virginijus Sinkevicius, durante uma audição na comissão de Agricultura do Parlamento Europeu.
Contrapôs que necessário é “mostrar solidariedade com os países mais vulneráveis e aumentar a produção local sustentável de alimentos, de modo que se reduzam as dependências estruturais”.
Antes de ser invadida pela Federação Russa, a Ucrânia era um exportador importante de cereais, particularmente relevante para garantir a segurança alimentar no Médio Oriente e Norte de África.
Contudo, a invasão russa e o bloqueio dos portos do Mar Negro estão a dificultar a exportações dos cereais pelas autoridades ucranianas.
A União Europeia quer ajudar e fazer com que parte da produção agrícola ucraniana seja exportada por rodovia ou ferrovia.
O comissário realçou ainda que o desafio à segurança alimentar “é global, não interno”.
A este propósito, acentuou: “Não enfrentamos qualquer escassez de alimentos na Europa. Pelo contrário. Produzimos e financiamentos mais carne do que a que podemos consumir, além de que continuamos a deitar para o lixo comida em quantidades que são vergonhosas”.
Por outro lado, considerou que o desafio colocado pelo ataque russo à Ucrânia “não é a falta de alimentação, mas a distribuição” dos alimentos a partir do país atacado, pelo que sublinhou que “em primeiro lugar” o problema é logístico.
Depois de ter acusado os dirigentes de Moscovo de estarem a “programar a crise alimentar em todo o mundo”, o comissário admitiu que a situação pode ter consequências na Europa, através da subida dos preços.