A beterraba sacarina é, já hoje, uma cultura com grande interesse económico para as explorações agrícolas situadas na zona que virá a ser abrangida pelo regadio do Alqueva.
É uma zona com solos bastantes adequados à produção de beterraba, cujas produções médias são as melhores do País.
No entanto, a distância média à fábrica (Coruche) é um factor a ter em consideração, por encarecer o custo do transporte. Este inconveniente é compensado pela elevada riqueza em açúcar que os produtores conseguem obter nesta zona.
Também a utilização de máquinas limpadoras, tal como já foi efectuado na campanha passada, poderá minimizar aquela desvantagem, porque permite reduzir significativamente os “descontos”, isto é, evitar o transporte de terra, pedras, folhas e outros materiais estranhos à própria beterraba.
No quadro que a seguir se apresenta, estão mencionadas as áreas e produções dos últimos três anos agrícolas, bem como o número de Produtores de beterraba. No corrente ano, 76 Produtores já semearam 1.349 ha em sementeira de Outono.
A PRODUÇÃO DE BETERRABA NA ZONA DO ALQUEVA | ||||||
ANO AGRÍCOLA | Número Agricultores | Área (ha) | Produção beterraba tipo 16º (ton/ha) |
Riqueza em açúcar (ºS) |
Produção sacarose (ton/ha) | Oservações climáticas |
1998/99 | 51 | 1.108 | 44,66 | 17,51 | 7,04 | Seca |
1999/00 | 38 | 881 | 54,56 | 17,59 | 8,49 | Primavera chuvosa |
2000/01 | 69 | 1.451 | 55,50 | 17,26 | 8,73 | Inverno e Primavera Chuvosos |
2001/02 (outono) | 76 | 1.349 | ? | ? | ? | ? |
Média do País 2000/01 | 50,13 | 16,67 | 7,95 | |||
Média do U.E. 2000/01 | 55,74 | 16,90 | 8,80 |
Como se poderá verificar neste quadro, a zona do Alqueva, além de obter produções acima da média nacional, é a zona mais próxima das produções médias da União Europeia.
Quanto à área de produção de beterraba tem-se observado um crescimento nos últimos anos. Esta tendência foi contrariada na campanha 1999/00, em virtude do ano anterior ter sido muito seco, ficando as reservas de água quase esgotadas, o que inviabilizou as sementeiras de beterraba numa área muito elevada. Também devido à seca observada no ano agrícola de 1998/99, as produções foram fracas.
O regadio do Alqueva irá, de certo, resolver a questão da irregularidade das chuvas, e aumentar significativamente a área de beterraba.
Surge, no entanto, o problema das quotas.
Dado que este ano, provavelmente, deveremos atingir a Quota Nacional de 70.000 toneladas de açúcar, não haverá uma grande disponibilidade de quotas para os agricultores das novas áreas de regadio da zona do Alqueva.
Por este motivo, é urgente que Portugal continue a insistir, em Bruxelas, no aumento da sua Quota de açúcar.
Por último, de referir que as boas produções que se verificam na zona de regadio do Alqueva devem-se não só às condições edafo-climáticas locais, mas sobretudo à elevada capacidade técnica de um bom grupo de Produtores e dos técnicos da DAI que lhes garantem assistência.
Pedro Noronha de Alarcão
Eng.º Agrónomo
Secretário Geral da ANPROBE
A experimentação da beterraba na zona do Alqueva – Pedro Noronha de Alarcão