Do Sara chega uma ameaça crescente a países como Iraque, Emirados Árabes Unidos ou Egito. À medida que as regiões áridas ficam ainda mais secas, as tempestades de areia tornam-se mais frequentes
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A verdade é que este fenómeno sempre foi uma realidade no quotidiano da região. O Sara, o maior deserto quente do mundo e o terceiro dos desertos árabes, não carecem de areia. Todos os anos, o vento leva cerca de 60 milhões de toneladas de poeira do Sara até às Caraíbas, na América Central.
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Os especialistas dizem que as tempestades de areia são complexas e pouco compreendidas, mas as suas principais causas são naturais. Em 2015, muitas pessoas atribuíram a “culpa” de uma forte tempestade de verão à guerra civil na Síria, pensando que os carros blindados, a rolarem nos campos, conseguiam levantar poeira suficiente para cobrir a região. Mais tarde, investigadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, disseram tratar-se de uma mistura de calor e vento fora do comum – rajadas, não artilharia.
No entanto, o Homem continua a contribuir para piorar o problema. A procura de água está a tornar esta região árida ainda mais seca. Um estudo do Banco Mundial, feito em 2019, descobriu que as ações humanas, como a super exploração de rios e de lagos, produzem um quarto da poeira do Médio Oriente.
O Irão drenou as áreas húmidas para a agricultura. Saddam Hussein secou os pântanos do sul do Iraque para punir os seus habitantes. As barragens turcas no Tigre e no Eufrates significam leitos de rios mais secos a jusante. […]