Edição genética | Tomate com o genoma editado pode ser fonte de vitamina D

A carência de vitamina D é um problema de saúde global. A sua insuficiência promove um risco mais elevado de cancro, de demência e de mortalidade. A maioria dos alimentos contém pouca vitamina D e as plantas são fontes muito pobres. Mas isso pode mudar. Os cientistas utilizaram a ferramenta de edição do genoma CRISPR-Cas9 para desenvolver uma variedade de tomate biofortificada que contém provitamina D3.

Investigadores John Innes Centre, em Inglaterra, utilizaram a edição genética para desligar uma molécula específica no genoma do tomateiro, aumentando a provitamina D3 no fruto e nas folhas, que depois é convertida em vitamina D3 através da exposição à luz solar. A vimanina D3 (ou colecalciferol) é a melhor fonte de vitamina D, pois é produzida no corpo a partir dos raios ultravioleta, sendo fundamental para inúmeras funções do organismo. As mais conhecidas estão relacionadas com a saúde dos ossos, sistema imunológico, cardiovascular e metabólico.

No estudo “Biofortified tomatoes provide a new route to vitamin D sufficiency”,publicado na Nature Plants em Maio de 2022, os investigadores afirmam que o novo tomate biofortificado poderia ajudar milhões de pessoas com insuficiência de vitamina D.

As folhas do tomateiro contêm naturalmente provitamina D3, em níveis muito baixos, mas os frutos não. Isso poderá mudar com a descoberta da equipa de investigadores liderada por Cathie Martin, do John Innes Centre. Os cientistas utilizaram o CRISPR-Cas9, uma ferramenta de edição do genoma, para fazer revisões ao código genético das plantas de tomate, de modo a que a provitamina D3 se acumulasse no fruto. As folhas das plantas editadas continham até 600 ug de provitamina D3 por grama de peso seco (a dose diária recomendada de vitamina D é de 10 ug para adultos).

Geralmente, as folhas do tomateiro são despediçadas, mas no caso das plantas de tomate geneticamente editado, as folhas poderiam ser utilizadas para a produção de suplementos de vitamina D3 ou para a fortificação de alimentos. “Mostrámos que se pode biofortificar o tomate com provitamina D3 utilizando a edição genética, o que significa que o tomate pode ser desenvolvido como uma fonte sustentável de vitamina D3 à base de plantas”, afirmou Cathie Martin.

“Quarenta por cento dos europeus têm insuficiência de vitamina D e o mesmo acontece com mil milhões de pessoas em todo o mundo. Não só estamos a abordar um enorme problema de saúde, estamos também a ajudar os agricultoress, porque as folhas de tomate que actualmente são desperdiçadas poderiam ser utilizadas para suplementos”, enfatizou Cathie Martin. Um outro autor do estudo, Jie Li, acrescentou: “A pandemia de Covid-19 ajudou a destacar a questão da insuficiência de vitamina D e o seu impacto na nossa função imunitária e saúde em geral. Os tomates enriquecidos com provitamina D que desenvolvemos oferecem uma fonte de vitamina D à base de plantas. Esta é uma grande notícia para as pessoas que adoptam uma dieta rica em plantas, vegetariana ou vegana, e para o número crescente de pessoas em todo o mundo que sofrem do problema da insuficiência de vitamina D”.

Após terem exposto o tomate geneticamente editado à luz solar para transformar a provitamina D3 em Vitamina D3, os investigadores verificaram que a quantidade de vitamina  D3 num só tomate era equivalente à encontrada em dois ovos de tamanho médio ou em 28g de atum.

Segundo o mesmo estudo, a quantidade de vitamina D no tomate maduro pode ser aumentada ainda mais pela exposição prolongada à luz solar, por exemplo, durante a secagem ao sol.

Cathie Martin disse que a técnica aplicada ao tomate pode também ser aplicada a outras espécies da família Solanaceae, como pimentão, berinjela e batata.

De salientar que no início deste mês, o governo britânico anunciou uma revisão oficial para analisar se os alimentos e bebidas deveriam ser fortificados com vitamina D.

Saiba mais aqui ou leia o estudo na Nature Plants.

O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.


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