A Rússia é acusada de estar a usar os problemas no fornecimento alimentar causados pela guerra para fins políticos. Kiev desconfia do plano mediado por Ancara.
A Rússia e a Turquia esperam negociar um mecanismo que permita retomar a exportação de cereais da Ucrânia para fazer face à crise alimentar global causada pela invasão russa do país vizinho. No entanto, a profunda desconfiança de Kiev em relação a qualquer acordo que envolva o Kremlin deve manter o impasse.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, vai ser recebido esta quarta-feira pelo seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, numa deslocação que é importante para os dois países desde logo pelo simbolismo. Em pleno conflito com a Ucrânia, que tem recebido um forte apoio da NATO, o ministro russo, que é um dos homens mais próximos de Vladimir Putin, será acolhido para uma visita oficial a um Estado-membro da Aliança Atlântica, pondo em causa a narrativa do isolamento internacional russo.
A Turquia, por seu turno, tem tentado posicionar-se como um actor fundamental no conflito ucraniano, algo que serve tanto as suas ambições geopolíticas no Médio Oriente como os objectivos domésticos do Presidente Recep Tayyip Erdogan, que atravessa um momento sensível. A inflação galopante e as suas consequências para a economia turca estão a minar a popularidade de Erdogan, que no próximo ano pretende ser reeleito.
Apesar de manter laços com a Rússia, a Turquia tem igualmente apoiado a Ucrânia, sobretudo através da venda de armamento, de que são exemplo os drones Bayraktar.
O objectivo do encontro entre os dois ministros é alcançar um acordo que viabilize a saída […]