Presidente da IL esteve na terça-feira em Santarém, onde lamentou que a agricultura seja “o parente pobre da economia portuguesa”, enalteceu a força exportadora do setor e lançou críticas ao Governo
João Cotrim Figueiredo visitou esta terça-feira a 58.ª Feira Nacional da Agricultura/68.ª Feira do Ribatejo, que decorre até domingo no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém. Na visita, o presidente da Iniciativa Liberal (IL) afirmou que a agricultura “tem sido o parente pobre da economia portuguesa” e enalteceu também o seu caráter exportador por força da inovação que o setor incorpora.
A comitiva dos liberais, que integrou o deputado Rui Rocha, que representa o partido na Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas, foi recebida pelo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, pelo secretário-geral da mesma organização, Luís Mira, e pelo presidente da Câmara Municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves.
Durante a visita, que incluiu também contactos e um almoço com a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito de Agrícola de Portugal (CONFAGRI), representada pelo seu presidente, Idalino Leão, Cotrim Figueiredo lamentou a falta de atenção à agricultura, apontando “a perda do peso político do Ministério da Agricultura ao longo dos anos” e “uma série de decisões erráticas” do Governo, reveladoras de “falta de estratégia”.
O presidente da IL salientou ainda a força exportadora da agricultura portuguesa, sobretudo pelo facto de estar “muitíssimo dependente da inovação” e de ser “atrativa para muita gente jovem que pretende aplicar esses conhecimentos inovadores e a tecnologia à agricultura”.
Ainda assim, advertiu que é preciso que “não haja empecilhos, nem de regulamentação nem de impostos nem de interferência do Estado”, para que o setor “possa desenvolver-se suficientemente”.
Cotrim Figueiredo referiu ainda a Bolsa Nacional de Terras, lamentando que apenas tenham sido transacionados, até ao momento, uma dezena de terrenos e muito poucos tenham sido arrendados, o que atribuiu à forma como o instrumento foi construído, atendendo aos interesses do Estado e não dos agricultores. “Mais uma vez é uma intenção que acaba por cair completamente por terra porque não está pensada na ótica de quem dela pode beneficiar, mas na ótica do Estado que parece que tudo controla em Portugal”, declarou.
Para o líder da IL, a intenção anunciada pela ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, de duplicar a produção de cereais no país “não faz sentido”. Desde logo porque “há culturas muitíssimo mais rentáveis em Portugal”. Em segundo lugar, porque a autonomia alimentar, tão debatida na sequência da invasão da Ucrânia, “não é definida num país” e, por último, porque não existem infraestruturas de armazenamento e de reserva estratégica de cereais em Portugal. “É um anúncio para enganar alguns, mas não nos convence”, observou Cotrim Figueiredo.
Já Rui Rocha, por sua vez, revelou a total disponibilidade da bancada da IL para avaliar junto das organizações representativas do setor um conjunto de políticas e medidas, como o desenvolvimento do regadio ou a desburocratização e simplificação de processos, que possam contribuir para a competitividade do setor.
“Portugal é o país com o universo de agricultores mais envelhecido da União Europeia. A atração de jovens para o setor passa, em primeira instância, por garantir o acesso a terras de qualidade e, depois, a financiamento. Tornar estes processos mais ágeis é fundamental para que o setor possa prosperar”, realçou o deputado.
Comunicado enviado pela Iniciativa Liberal.