“Vocês estão sempre tão preocupados com aquilo que podem roubar, e onde, que pensam que os outros fazem todos o mesmo”, afirmou, a sorrir, o ministro russo.
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros foi à Turquia para discutir a criação de corredores marítimos para escoar os cereais ucranianos retidos nos portos do Mar Negro. Quando confrontado por um jornalista ucraniano sobre o roubo de cereais, Lavrov aproveitou para desafiar Zelensky.
O ministro Serguei Lavrov deslocou-se a Ancara para com o homólogo turco alcançarem um acordo que permita a exportação de cereais da Ucrânia, mas quando questionado por um jornalista ucraniano sobre o roubo de cereais, Lavrov desafiou a liderança do Presidente Zelensky.
“Vocês ucranianos estão sempre tão preocupados com aquilo que podem roubar, e onde, que pensam que os outros fazem todos o mesmo. Eu vou responder-lhe. Estamos a implementar os objetivos que foram anunciados publicamente. Vamos libertar o leste da Ucrânia da repressão do regime neonazi. É isso que estamos a fazer“, vincou.
Quanto as cereais, prosseguiu, “já explicámos que podem ser transportados livremente para o seu destino. A Rússia não está a colocar obstáculos a isso. É o senhor Zelensky que tem de dar a ordem, se ainda mandar em alguma coisa por lá, para permitir que os navios estrangeiros e ucranianos vão para o Mar Negro“.
A Turquia com um papel determinante no trânsito marítimo no Mar Negro quer também reforçar o papel de mediador. “Houve algum afastamento das negociações mas recentemente, pelas declarações de Zelensky e pelas várias reuniões, pensamos que possam existir bases para negociações. E, se ambos os lados concordarem, estamos preparados para agir como país mediador”, afirmou Mevlut Cavusoglu.
Kiev tem mostrado desconfiança quanto às operações de desminagem, que considera que podem durar seis meses, e quanto à possibilidade de as forças russas aproveitarem a abertura para tomarem a cidade portuária de Odessa. Zelsensky garante que nos portos ucranianos permanecem mais de 20 milhões de toneladas de cereais bloqueados.
“Os alimentos tornaram-se agora parte do arsenal de terror do Kremlin e não podemos tolerar isso. Acho que esta é a única forma de descrever os bombardeamentos russos a silos de cereais, a bloqueio dos portos, e também em alguns casos até o roubo de cereais“, contestou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientando que as sanções ocidentais à Rússia “não atingem bens alimentares básicos”.
Entretanto, a União Europeia está a criar corredores solidários para retirar os produtos por via terrestre, o que exige tempo numa guerra que se prolonga e que na primeira entrevista depois de deixar o cargo de chanceler Angela Merkel diz ter tentado evitar.
Segundo as Nações Unidas, em média e no mundo, o preço dos alimentos subiu 30% face ao ano anterior, agravando de forma preocupante nos países em desenvolvimento a já crónica escassez alimentar.