O Presidente da República considerou hoje existir “maior capacidade de prevenção” e de reposta aos incêndios face a 2017 e reconheceu que a gestão da floresta tem “sido mais difícil de ultrapassar”, assim como o arranque das economias locais.
“Há que dizer que em matéria de prevenção e de resposta, se aprendeu uma parte importante das lições do que aconteceu e que hoje há alguma capacidade maior de prevenção e, sobretudo, de resposta àquilo que aconteceu ou que pode vir a acontecer de análogo aqui”, em Castanheira de Pera, Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado falava aos jornalistas em Castanheira de Pera, norte do distrito de Leiria, após participar numa missa pelas vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, em junho de 2017, que atingiram sobretudo aqueles três concelhos.
O Presidente da República realçou, por outro lado, o grande esforço feito por estas comunidades nestes três municípios, “para voltar a viver e até se organizarem, para prevenir o que pudesse acontecer no futuro, naquilo que dependia da iniciativa das próprias populações”.
“Esse esforço merece uma palavra de agradecimento”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que “há uma parte que tem sido mais difícil de ultrapassar e que se divide em duas”, sendo que uma é a gestão da floresta, que “demora muito tempo a refazer” e “está ligada à riqueza, à economia da sociedade”.
“Outra é o arranque das economias locais”, declarou, admitindo que “houve um grande esforço também de todos”, mas continuam “a ser economias, em muitos aspetos, pobres”.
Segundo o chefe de Estado, “a própria pandemia e outras circunstâncias (…) caindo em cima do que tinha sido vivido aqui acaba por não permitir tão facilmente ter, por exemplo, uma evolução semelhante há que houve na área coberta pelos segundos fogos de 2017 [na região Centro]”.
“Esta segunda área que foi atingida em outubro tinha uma capacidade económica de recuperação que estes municípios não têm, isto é para ser justo”, sustentou.
Referindo que na sequência dos incêndios de Pedrógão Grande houve habitações reconstruídas e a vida das pessoas foi “parcialmente recuperada” por mérito delas e com apoios alheios, o Presidente da República adiantou que este é um território que “continua a ter muita dificuldade em termos de afirmação de um crescimento económico sem o qual o crescimento social é muito difícil”.
A missa foi presidida pelo bispo de Coimbra, Virgílio Antunes, que sublinhou que “aqui também é Portugal, um Portugal belo, de gente feliz, cheia de energia, de gente com coragem que quer estar de corpo e alma envolvida no país”, apesar das dificuldades.
Virgílio Antunes salientou que a missa celebra a morte que chegou de forma inesperada e em circunstâncias “tão trágicas”, referindo-se aos “avassaladores incêndios”, para assinalar que se celebra também a vida “dos que aqui estão e que continuam a fazer o seu percurso”.
Na missa, concelebrada pelos párocos dos três concelhos e onde estiveram várias entidades, incluindo a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, foram lidos os nomes das 66 vítimas mortais dos incêndios.
Em 17 de junho de 2017, os incêndios de Pedrógão Grande provocaram 66 mortos e 253 feridos, sete dos quais graves. Os fogos destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas. A maioria das vítimas mortais morreu na Estrada Nacional 236-1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.
Os incêndios de outubro de 2017 na região Centro provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos, registando-se ainda a destruição, total ou parcial, de cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.