As exportações de vinho para Angola cresceram 20% entre janeiro e abril deste ano, revelou o presidente da ViniPortugal, mostrando-se otimista quanto à recuperação neste mercado, face à melhoria da economia.
Frederico Falcão, falava à Lusa à margem da Grande Prova dos Vinhos de Portugal que decorre hoje em Luanda, contando com 33 produtores e lembrou que Angola chegou a ser o principal mercado das exportações portuguesas de vinho em volume e o segundo maior em valor.
No entanto, tem vindo a cair nos últimos anos e Angola representou menos de 3% do total de exportações em 2021, passando para 12.º lugar nesta lista.
Esta descida na posição relativa de Angola deve-se também ao crescimento das exportações para outros países que ganharam terreno nos últimos anos, como Estados Unidos da América, Reino Unido ou Alemanha, explicou.
Há 10 anos, o consumo de vinho em Angola rondava os 10 litros por pessoa, mas atualmente não ultrapassa os dois litros. No entanto, as vendas têm crescido a um ritmo significativo este ano.
“Esperamos que, este ano, Angola recupere da quebra que teve nos últimos anos e continue a crescer como tem crescido até abril”, com um ritmo acima dos 20%, avançou.
“A economia angolana está a melhorar um pouco e nós acreditamos que o consumo melhore”, disse Frederico Falcão, salientando que o mercado angolano se tem destacado este ano em termos de crescimento das exportações de vinho nacionais, sobretudo em valor.
O responsável acrescentou: “Estamos a crescer em preço médio, o que é aliás a nossa missão, já que o objetivo é subir o preço médio das exportações”.
“Portugal já exporta em termos médios quase metade do que produz, portanto não temos margem para aumentar exponencialmente as nossas exportações em volume. O que temos de fazer é aumentar o valor, o preço médio das exportações, conseguir exportar melhores vinhos para trazer sustentabilidade económica ao setor”, explicou o presidente da ViniPortugal.
Quanto ao perfil do consumidor angolano, varia entre dois extremos, dos vinhos topo de gama aos vinhos muito baratos, fazendo com que Angola tenha o preço médio mais baixo entre os destinos de exportação.
“Há muito consumo de vinho não certificado”, notou o responsável da ViniPortugal, entidade através da qual é feita a promoção internacional do vinho português.
Nos próximos tempos, a estratégia em África vai continuar assente em Angola.
“Exportamos alguns vinhos para São Tomé, para Cabo Verde e até para Moçambique, mas sempre em menos quantidade e a preço mais baixo. Angola é um mercado muito mais representativo e onde se vendem vinhos de gama alta”, que vai continuar a merecer um maior investimento da promoção portuguesa, segundo Frederico Falcão.
“Nós já estamos em 21 países, o nosso objetivo passa por não diversificar muito mais mercados e concentrar investimento nos mercados onde estamos para cimentar a nossa presença e posicionamento estratégico”, afirmou.
Para reforçar o posicionamento em Angola, os vinhos portugueses contam com algumas vantagens, designadamente a preferência dada aos vinhos de Portugal, nascida da ligação afetiva e da língua comum, que asseguram uma quota de mercado de 85%.
Mas existem também alguns desafios: Além da cerveja, os vinhos portugueses enfrentam outros concorrentes que estão de olho em Angola, como Espanha e África do Sul.
Além disso, as oscilações cambiais colocam outros problemas a nível de transações, já que o kwanza duplicou o seu valor neste mercado em relação ao ano passado.
“A volatilidade do câmbio, em termos de posicionamento de vinho, afeta-nos”, reconheceu Frederico Falcão.