O Presidente da Zâmbia disse hoje, perante deputados europeus, que o seu país está “bem posicionado” para participar na luta contra a crise alimentar mundial agravada pelo conflito na Ucrânia.
“Mesmo que o mundo enfrente uma grave escassez de produtos básicos agrícolas e veja os efeitos devastadores da insegurança alimentar em todas as partes da África e além, a Zâmbia está bem posicionada” para cogerir a crise, sublinhou Hakainde Hichilema, antes de participar na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
A Zâmbia, fortemente endividada, “pretende ser um grande contribuinte” para o combate à insegurança alimentar, segundo o chefe de Estado zambiano, que apela ao reforço da cooperação da União Europeia, nomeadamente no setor agrícola.
Milhões de toneladas de trigo estão presos nos portos ucranianos devido à invasão da Rússia na Ucrânia no final de fevereiro, então uma crise global de alimentos está a aproximar-se.
O Ocidente acusa a Rússia de bloquear os stocks de trigo nos portos ucranianos para obter o levantamento das sanções ocidentais, que estão a minar a sua economia.
Num momento em que Moscovo aponta a África como vítima colateral das sanções ocidentais contra a Rússia, a União Europeia forneceu uma ajuda adicional de cerca de 600 milhões de euros a países atingidos pela escassez de alimentos.
O Presidente Hichilema, cujo governo herdou uma dívida de mais de 17 mil milhões de dólares (16,17 mil milhões de euros), tem vindo a trabalhar, desde a sua eleição no ano passado, para restabelecer o diálogo com os países doadores a fim de reestruturá-la.
No auge da pandemia de covid-19, a Zâmbia foi a primeira economia africana obrigada a declarar-se insolvente e com esta decisão abriu-se uma grande crise política e económica no país.
Em dezembro passado, o país beneficiou de uma ajuda excecional de 1,4 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) do Fundo Monetário Internacional, com o compromisso de restaurar a estabilidade orçamental.