Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Junho de 2022

Previsões Agrícolas

As previsões agrícolas, em 31 de maio, apontam para a normal instalação das culturas de primavera, numa conjuntura fortemente marcada pela seca, pela escalada dos custos com os meios de produção, pela subida dos preços dos produtos agrícolas e pela suspensão das transações comerciais com a Rússia e a Ucrânia. No milho, cereal fundamental na produção pecuária, prevê-se um aumento de 5% na área semeada, o que terá um impacto reduzido na satisfação das necessidades de abastecimento (em média, a produção nacional representa 25% do consumo interno). O abastecimento externo de milho a Portugal era assegurado em 41% pelas importações da Ucrânia (média 2012-2021), país que era o principal fornecedor nacional, obrigando à procura de alternativas no mercado mundial. Nos dois primeiros meses de guerra as importações de milho provenientes do Canadá, Brasil e Polónia aumentaram significativamente, atingindo 140 mil toneladas e compensando a suspensão das transações comerciais com a Ucrânia.

Apesar do agravamento da situação de seca meteorológica, com 98,5% do território em seca severa e extrema, apenas existem restrições de rega nos aproveitamentos hidroagrícolas beneficiados pelas albufeiras do Monte da Rocha e da Bravura. O volume de água armazenado nas principais albufeiras com aproveitamento hidroagrícola encontrava-se a 67% da capacidade total, não tendo sido um fator limitante para a instalação das culturas anuais de regadio. A diminuição de 5% na área de arroz deveu-se exclusivamente às obras de manutenção dos canais de rega de Alcácer e Grândola. A área contratada de tomate para indústria aumentou 4%, ao qual não será alheio a perspetiva de subida do preço do tomate para a indústria aquando da celebração dos contratos. Na batata de regadio, o decréscimo de 10% na área é, em parte, explicado pela proibição de utilização de antiabrolhantes de síntese à base de clorprofame.

Nos cereais de outono-inverno prevê-se que o impacto da seca nas produtividades corresponda a um decréscimo entre 10% a 15% o que, aliado a uma área semeada historicamente baixa, agravará a dependência do abastecimento externo.

Nas fruteiras, em particular nas prunóideas, as condições meteorológicas não foram favoráveis, prevendo-se decréscimos de produtividade de 15% na cereja e de 10% no pêssego.

Gado, aves e coelhos abatidos

O peso limpo total de gado abatido e aprovado para consumo em abril de 2022 foi 36 692 toneladas, o que correspondeu a um decréscimo de 3,1% (-1,7% em março), devido ao menor volume de abate registado nos suínos (-8,6%) e equídeos (-82,4%). O peso limpo total de aves e coelhos abatidos e aprovados para consumo foi 28 778 toneladas, o que representou praticamente uma manutenção (-0,4%) face ao homólogo (-3,1% em março). Registou-se um menor volume de abate de perus (-14,1%), codornizes (-31,1%) e coelhos (-17,4%), enquanto galináceos e patos tiveram aumentos de 2,0% e 15,2%, respetivamente.

Produção de aves e ovos

O volume de frango aumentou 11,2%, com uma produção de 23 049 toneladas (+5,1% em março), tendo o acréscimo em número de cabeças sido 10,6% (+10,1% em março). A produção de ovos de galinha para consumo apresentou um volume superior em 16,8% (+7,2% em março), situando-se nas 10 767 toneladas.

Produção de leite e produtos lácteos

A recolha de leite de vaca foi 165,9 mil toneladas, o que representou um decréscimo de 2,5% (-0,6% em março). A produção de lacticínios teve também uma redução de 2,6% (-5,0% em março), devido ao decréscimo do leite para consumo (-2,9%), leite em pó (-20,0%), manteiga (-9,2%) e queijo de vaca (-1,0%).

Pescado capturado

O volume de capturas de pescado em Portugal diminuiu 29,0% (-31,3% em março), justificado pela menor captura de peixes marinhos (nomeadamente carapau, atuns e peixe-espada), bem como de moluscos. Às 6 411 toneladas de pescado correspondeu uma receita de 25 310 mil euros, valor que representou um aumento de 0,7% (-13,8% em março).

O preço médio do pescado descarregado foi 3,77 Euros/kg, ou seja, um aumento de 43,1% (+25,8% em março).

Preços e índices de preços agrícolas

Em maio de 2022, as variações mais significativas, em módulo, no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas nos ovos (+48,5%), batata (+46,7%), azeite a granel (+26,3%), ovinos e caprinos (+25,2%) e aves de capoeira (+24,3%).

Em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude verificaram-se nos hortícolas frescos (-12,2%), frutos (-3,3%), plantas e flores (-2,5%) e batata (+2,2%).

Em março de 2022, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) registou uma variação positiva de 35,4% e o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) aumentou 7,9%. Relativamente ao mês anterior, assistiu-se a aumentos de 3,1% e 3,0% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente e no índice de preços de bens e serviços de investimento, respetivamente.

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Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Maio de 2022

O artigo foi publicado originalmente em INE: publicações.


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