O Banco Mundial defende que promover a agricultura é o que vence a pobreza mais rápido em Moçambique, dado o potencial económico e face ao cenário global em que há várias ameaças ao crescimento, lê-se no mais recente relatório da instituição.
“O crescimento agrícola diminuiria a pobreza e a desigualdade três vezes mais rápido do que o crescimento em qualquer dos outros sectores”, destaca a organização, na oitava edição do relatório Atualidade Económica de Moçambique, lançada na quinta-feira.
A afirmação surge numa época em que – desde há pelo menos uma década – as expetativas do país estão viradas para um crescimento assente nas reservas de gás do Rovuma – que começam a ser exploradas este ano.
A agricultura continua por desenvolver, nota o Banco Mundial. “Apesar do seu potencial, a produtividade agrícola continua a ser baixa, segundo os padrões regionais, com Moçambique a ter um dos mais baixos rendimentos de cereais por hectare, por exemplo”, refere no documento.
Ou seja, “com o apoio adequado, a agricultura pode ser uma fonte sustentável de crescimento, redução da pobreza e segurança alimentar”.
O Banco Mundial sugere que se tomem quatro medidas.
Desde logo, “transferir o apoio agrícola para bens e serviços públicos tais como infraestruturas rurais, serviços de saúde animal e vegetal e investigação agrícola” que possa proporcionar maiores rendimentos ao setor.
É também defendida uma “participação plena nos acordos regionais de comércio livre” de forma a estimular a competitividade do setor.
O Banco Mundial considera ainda necessário “reduzir a tributação implícita dos alimentos e aumentar o apoio às famílias com insegurança alimentar” a par da criação de “subsídios inteligentes”, premiando projetos inovadores.
O Banco Mundial prevê que o crescimento económico “acelere a médio prazo” em Moçambique, “atingindo uma média de 5,7% entre 2022 e 2024” e considera que o cenário poderia ser ainda mais sustentável se houvesse a aposta agrícola que sugere.
Por agora, o crescimento que a instituição antevê baseia-se “no início da produção de gás natural liquefeito (GNL)” ao largo de Cabo Delgado, agendado para este ano, e “do esperado reinício de projetos de GNL de maior dimensão” em terra – suspensos há um ano após ataques armados na província.
O relatório aponta para uma “recuperação da procura global e dos preços das matérias-primas” de maneira a “apoiar o crescimento das exportações” moçambicanas.
Esse crescimento associado à entrada de capital estrangeiro, principalmente ligados ao GNL, “sustentarão os investimentos”, refere.
O acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciado este ano para vigorar até 2025 e “o apoio orçamental de outros parceiros de desenvolvimento, ajudarão ainda mais a reforçar a recuperação económica, ao mesmo tempo que abordam as limitações da dívida e do financiamento”.
O lado dos riscos há três ameaças “substanciais”.
O aumento dos preços das importações devido ao conflito na Ucrânia, novas ondas da covid-19 e a insurreição na região norte do país, podem travar o crescimento, alerta o Banco Mundial.