A Câmara de Leiria prevê concluir esta semana mais um reservatório para água, uma medida preventiva face à seca, e estima-se que até ao final do ano os pontos de água no concelho atinjam os 25.
“O reservatório [em Milagres] está a ser montado e contamos, ainda esta semana, já estar em condições de iniciar o enchimento com água não potável”, disse hoje à agência Lusa o vereador Luís Lopes, explicando que poderá ser usado para o combate a incêndios, “a razão principal para implementar neste local, inclusivamente com capacidade para abastecimento de meios aéreos”, e para outros fins.
Luís Lopes, que tem o pelouro da proteção civil, adiantou que, até ao fim deste ano, o município prevê instalar mais dois pontos de água, na Maceira e na zona de Amor, possibilitando que a rede atinja os 25, entre infraestruturas criadas para o efeito e outras naturais (como lagoas ou açudes).
Esta medida faz parte de 32 anunciadas pela Câmara de Leiria em fevereiro, no âmbito do Plano Municipal de Gestão da Água, para mitigar os efeitos da seca, quando, no mês anterior, 11% do continente português estava em seca extrema.
Em junho, dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera indicaram que mais de um quarto do território do continente estava em seca extrema (28,4%).
“A nossa lógica de gestão destes pontos da água é, precisamente, (…) em caso de necessidade e em caso de falha dos pontos normais de abastecimento, entenda-se a rede em alta e em baixa, dos SMAS [Serviços Municipalizados de Água e Saneamento] ou da Águas do Centro Litoral, ter uma rede alternativa de pontos perfeitamente abastecida e que possamos utilizar, quer para abastecimento à população”, como para animais ou para a agricultura, especificou o autarca.
Segundo Luís Lopes, têm decorrido também “intervenções noutros pontos de água já existentes”, na melhoria do acesso e no aumento da capacidade para armazenar água.
“No mínimo, conseguimos uma capacidade nunca inferior a 5.400 metros cúbicos. Estamos a falar de mais de cinco milhões de litros de água que podem ser utilizados para todos os fins e, neste caso especificamente, – foi para isso que foram concebidos – para a defesa da floresta contra incêndios e para o abastecimento de água”, declarou.
O vereador assegurou que, devido à seca, o Município tem “mantido a monitorização dos níveis” de água e “ligação permanente” com os SMAS e Águas do Centro Litoral, para ter “esta visão global do território de quais os locais mais vulneráveis em caso de falta de água ou de racionamento”, e manifestou muita preocupação com “a não alteração do comportamento por parte da população”.
“Ainda há uma série de hábitos que não foram alterados”, como lavar o automóvel todas as semanas, regas prolongadas em períodos que a otimização da água é residual ou utilização da água potável para estes fins, apontou.
Luís Lopes adiantou que Plano Municipal de Gestão da Água, no qual se inclui a construção de reservas de água ou um sistema de alerta para fugas e uso de outras fontes para rega, regista “uma implementação total ou parcial das 32 medidas que ronda os 96%”.
“Vinte das 32 [medidas] estão implementadas na sua totalidade”, declarou, explicando que 11 estão executadas parcialmente, como os sistemas de controlo de rega ou a instalação de contadores inteligentes por parte dos SMAS, sendo que uma das ações não está implementada, porque ainda não foi necessária, “a interdição temporária do uso de água, tal como já aconteceu em alguns municípios”.
O autarca acrescentou não ser possível quantificar a redução de água alcançada, dada a falta de alguns indicadores, mas salientou que as medidas têm repercussões, pelo que “a pressão sobre a boa gestão da água”, ajustando o plano se for necessário para haver água disponível para as necessidades, vai continuar.