O presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, pediu hoje ao Governo a manutenção dos meios de combate no terreno, para evitar reacendimentos dos incêndios no concelho já considerados em resolução.
“Para já, [o que pedia] era que os meios que estão no local, hoje, que não sejam retirados, para evitar reacendimentos, porque o tempo vai aquecer até à tarde e não sei qual é a projeção do vento”, afirmou à agência Lusa Luís Albuquerque, quando questionado sobre o que gostaria de pedir ao Governo face aos fogos neste concelho do distrito de Santarém.
O autarca insistiu: “O que peço, neste momento, é que não retirem os meios que estão no terreno”.
Os dois incêndios que lavravam no concelho de Ourém, em Espite e na Freixianda, distrito de Santarém, foram considerados em resolução hoje de madrugada.
O primeiro começou pelo meio-dia de terça-feira; o segundo iniciou na quinta-feira à tarde, tendo-se propagado a Alvaiázere (distrito de Leiria) e Ferreira do Zêzere (Santarém). Este último foi considerado em resolução na segunda-feira de manhã, mas tornou a reacender.
O presidente do Município de Ourém salientou que terça-feira foi um dia “muito complicado”.
“Sentimo-nos impotentes para fazer alguma coisa perante o desespero das pessoas, por falta de meios. Liguei para quem de direito a pedir meios, meios que eram insuficientes. Sei que havia outros incêndios noutros locais, mas é desesperante”, declarou.
Recordando “as pessoas a defender as suas casas, o fogo no quintal das casas e não havia forma” de ter “meios terrestres para procurar resolver a situação”, Luís Albuquerque reconheceu que a situação “acalmou com o cair da noite”, mas após chegarem ao concelho meios provenientes de Lisboa e do Alentejo.
O autarca reconheceu que hoje a situação está muito mais calma e, quanto a danos, são “98% a 99% em mato, pinhal e eucaliptal”, sendo que também ardeu “uma primeira habitação e uma oficina”, além de barracões e anexos de casas.
Mas notou, contudo, ser cedo para fazer balanços.
Quanto às pessoas retiradas na terça-feira de casas ou de lares, nos dois incêndios, Luís Albuquerque apontou cerca de 70 na Freixianda e mais 40 em Espite, frisando ser “completamente falso” que tenham sido retiradas 300 pessoas na Freixianda.
“Estes são os números reais”, garantiu.
De acordo com o sítio na Internet da ANEPC, nestes dois incêndios estavam, pelas 11:45, no total, 655 operacionais apoiados por 211 viaturas e um meio aéreo.
O distrito de Santarém está hoje sob aviso vermelho devido à persistência de valores extremamente elevados da temperatura máxima, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Portugal continental entrou às 00:00 de segunda-feira em situação de contingência, que deverá terminar às 23:59 de sexta-feira, mas que poderá ser prolongada caso seja necessário.
A declaração da situação de contingência foi decidida devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para o agravamento do risco de incêndio, com temperaturas que podem ultrapassar os 45º em algumas partes do país, segundo disse, no sábado, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.