O realismo implica quase sempre crueza e não há outra forma de encarar o que se passa: somos impotentes contra esta consequência do aquecimento global
A situação dramática que o país volta a viver com os incêndios não é nova, mas talvez tenha chegado a hora de mudar a forma como se analisa e se discute. Falar da limpeza de matos ou de meios aéreos ainda é uma condição necessária, mas deixou de ser suficiente. É preciso encarar uma realidade trágica: a floresta portuguesa está a ser devastada pelos efeitos da crise do clima contra os quais não há soluções imediatas.
As árvores que dominam os povoamentos florestais de Portugal são pirófitas; têm, por isso, mais capacidade de se adaptar aos fogos. Mas não aos fogos que irrompem pelo coberto vegetal sujeito a uma seca severa numa atmosfera sob o efeito de uma onda de calor. O realismo implica quase sempre crueza e não há outra forma […]