Chamas foram dominadas esta manhã e os moradores tentam recuperar o que o fogo levou.
A vila de Palmela viveu, esta quarta-feira, momentos de grande dramatismo e aflição com as chamas dentro da povoação. O fogo, que pôs em perigo o Parque Natural da Serra da Arrábida, provocou doze feridos e danos materiais avultados.
O incêndio começou esta quarta-feira na encosta do Castelo, mas o vento forte levou as chamas para perto das casas. Na zona do terminal rodoviário, o cenário foi dantesco, com as chamas a ameaçarem várias viaturas estacionadas no local, como mostra um vídeo publicado na rede social Twitter.
O perigo das chamas obrigou também à evacuação de várias habitações, de uma pousada, de um lar e de um centro social com uma creche. No rosto de quem era socorrido, via-se a imagem dos momentos difíceis que a vila viveu durante o dia.
Com a ameaça das chamas no perímetro urbano, a população procurou proteger as casas como podia, mas com queixas dirigidas à Proteção Civil, por o fogo ter sido combatido, durante “quatro horas, sem meios aéreos”, queixou-se um morador.
A zona do fogo, em Palmela, teve direito ao apoio de apenas um helicóptero, num incêndio considerado difícil.
Ao logo do dia, as chamam foram avançando por várias zonas residenciais de Palmela, mas também por zonas mais mais isoladas, apanhando duas casas que estavam desabitadas, destruindo um stand de automóveis e uma farmácia. Na localidade de Aires, pôs uma bomba de gasolina em perigo.
O incêndio foi dado por dominado às 09:30 desta quinta-feira e os bombeiros mantêm-se no local para evitar reacendimentos.
A SIC falou com moradores que tentam, apesar do fumo e do cheiro intenso a queimado, limpar e recuperar alguns dos bens de uma vida que o fogo levou.
Hermínia conta que teve poucos minutos para abandonar a sua casa, onde vive há 16 anos, porque as chamas desceram a encosta do Castelo de repente.
“Tive cinco minutos para sair de casa e deixar as minhas coisas para trás, entreguei tudo o que tinha. É o que tem de ser… Só agarrei na minha mala e salvei animais. O resto deixei para trás”, disse Hermínia Charro, em declarações à SIC.
Salvou-se a casa, mas os terrenos à volta arderam. E poderia ter sido “bem pior”, se o seu filho não tivesse aparecido, vindo de Lisboa, para a ajudar a molhar tudo à volta da casa.
Já um dos vizinhos de Hermínia teve menos sorte: tudo o que estava no quintal foi destruído pelo fogo, tal como uma casa que servia de arrecadação. E foi pouco pouco que a casa principal não ardeu.
Em Palmela, o fogo, que foi combatido por 400 operacionais, apoiados por 126 veículos e um meio aéreo, destruiu pelo menos 400 hectares de terrenos, arderam casas de apoio agrícola, carros e vários moinhos – um deles um alojamento local.
O incêndio foi dado como dominado esta quinta feira de manhã e, tal como muitos dos moradores das localidades e aldeias por onde as chamas andaram, os bombeiros mantêm-se no local para evitar reacendimentos.