1 – Como avaliaria o papel e sucesso da ANIPLA enquanto organização que defende os interesses do sector e da população, desde o seu nascimento até hoje? Qual a grande mudança que destacaria no espectro da atividade agrícola, nestes 30 anos que passaram?
Obviamente que sou um pouco suspeito para falar do sucesso da Anipla, nomeadamente nos últimos 8 anos. A Anipla sempre foi uma organização bem focada nos interesses da indústria. Ao longo dos anos foi saindo da caixa e hoje é um interlocutor incontornável para todos os assuntos que se relacionam com o sector agrícola. Sector que evoluiu profundamente nos últimos 30 anos. Desde os aspectos estruturantes como o número de explorações e a sua dimensão média, ao cardápio de culturas, à forma como estas são cultivadas, ao inegável profissionalismo que marca hoje o sector, tudo mudou. Como também a nível legislativo, com destaque para as várias PAC e a Lei 26.
2 – Como avalia o impacto da tecnologia e novas técnicas de produção no setor agrícola e, concretamente, na forma como hoje nos alimentamos? Que mitos são necessários desfazer?
A tecnologia e a inovação, ligadas à ciência são elementos fundamentais na produção de alimentos e nós não somos excepção. Compare-se por exemplo o Alentejo de há 30 anos, onde comecei a fazer ensaios quase exclusivamente em cereais praganosos, com o Alentejo de hoje, onde o panorama é indubitavelmente diferente. Os mitos surgem do desconhecimento e da desinformação. É preciso comunicar mais para a população, hoje muito mais urbana do que há 30 anos atrás. Comunicar factos, a única forma de combater os mitos. Factos que sejam relevantes para o cidadão comum.
3 – Para si, qual o maior desafio que o setor agrícola enfrenta atualmente? E em que medida a ANIPLA poderá reforçar o seu contributo para os próximos 30 anos?
O maior desafio é continuar a ser um sector consolidante de um desenvolvimento sustentável e competitivo, mantendo a sua função primordial, que é a produção de alimentos, ao mesmo tempo que seja logrado um consenso ao nível da população relativamente a este propósito. A Anipla terá que continuar a ser um parceiro efectivo neste desígnio, incrementando e reforçando o diálogo com outros parceiros do sector e outros, nomeadamente a nível social e político.
4 – A Atividade do VALORFITO permite, sem dúvida, que a ANIPLA reforce a sua missão de preservação ambiental de forma segura e sustentável. Em que medida acha que a sua área de atuação tem margem para crescimento e para um suporte ainda maior ao setor agrícola? Na sua ótica, como podem os agricultores e o setor como um todo assumir um papel ainda mais ativo na sustentabilidade agrícola e no combate às alterações climáticas?
A gestão adequada de resíduos, numa óptica de economia circular, é um pilar da sustentabilidade. Até onde a licença nos permite, o Valorfito tem vindo a desenvolver uma actividade relevante neste sentido. Sendo a única entidade gestora de resíduos posicionada no sector agrícola profissional, tem todas as condições para se tornar num elemento estruturante para que a agricultura continue a caminhar para um menor impacte ambiental. Outros resíduos desta actividade podem vir a ser geridos pelo Valorfito como embalagens de fertilizantes e de rações e os plásticos agrícolas.
O artigo foi publicado originalmente em Fitosíntese.