A AGRO.GES festeja os seus 15 anos de existência

No passado dia 14 de Abril, a AgroGes organizou uma sessão comemorativa dos seus 15 anos de existência, no Centro Cultural de Cascais, que contou com a presença de cerca de 120 convidados, entre clientes, colaboradores e amigos….

Esta sessão começou com um primeiro painel de oradores que apresentaram a evolução da AgroGes nos últimos 15 anos. A abertura da sessão foi efectuada pelo Eng. Manuel Medeiros, sócio fundador da empresa, que fez uma breve descrição da forma como nasceu a AgroGes. A Eng. Manuela Jorge apresentou os diferentes tipos de trabalhos que a AgroGes efectuou nos últimos 15 anos e da forma como evoluiriam as diferentes áreas de trabalho. Focou também a importância crescente de determinadas áreas de trabalho futuras a que a AgroGes tem vindo a prestar cada vez maior atenção: os fundos de investimento agro-florestais, os biocombustíveis, o aconselhamento agrícola, a dinamização do mercado da terra, entre outros.

Seguiu-se uma apresentação efectuada pelo Eng. Carlos Pedro Trindade, sobre a evolução da equipa de trabalho da AgroGes, a estrutura metodológica e a evolução dos tipos de trabalhos e de clientes. Ao longo dos seus 15 anos de existência, a AgroGes cresceu em volume de negócios. Nesse período houve um decréscimo significativo do número de estudos de economia e análise de políticas agrárias, e um aumento significativo do número de estudos sectoriais (que duplicaram no período de 2000 a 2004), de projectos de investimento agrícolas e agro-industriais e das avaliações patrimoniais. Relativamente ao tipo de clientes, nos últimos 15 anos verificou-se que, inicialmente, o sector público era responsável por uma grande parte do volume de negócios da AgroGes, e que actualmente esse peso foi significativamente reduzido, (nos últimos 4 anos, 74% do volume de negócio tem origem no sector privado).

Após uma breve pausa deu-se início a um segundo painel de oradores composto pelo Professor José Lima Santos, pelo Eng. Armando Sevinate Pinto e pelo professor Francisco Avillez, entitulado: “A agricultura portuguesa em 2020 – Perspectivas”.

Em primeiro lugar o Prof. Francisco Avillez, fez um balanço da agricultura portuguesa nos últimos 15 anos. Apresentou os diferentes factores determinantes da sua evolução e as principais alterações no âmbito das políticas agrícolas, tendo depois identificado os aspectos mais relevantes da evolução da agricultura, que se apresentam resumidamente:

  • Alterações significativas no sistema de preços e ajudas directas à produção;
  • Acréscimo no volume médio anual do investimento acompanhado por aumentos significativos na utilização dos factores intermédios de produção agrícola;
  • Profundas alterações nas estruturas das explorações agrícolas;
  • Redução do número de explorações e da mão-de-obra agrícolas, que não foi acompanhada por uma melhoria qualitativa do tecido empresarial agrícola;
  • Extensificação acentuada dos sistemas de ocupação e uso do solo;
  • Quase estagnação do volume de produção agro-florestal, acompanhada por comportamentos diferenciados por parte da produtividade em volume dos diferentes factores de produção;
  • Ganhos médios significativos no rendimento (REL/UTAF) e na competitividade (RF/UTA) das explorações agrícolas;
  • Os ganhos de competitividade das explorações agrícolas (RF/UTA) dependeram exclusivamente da melhoria das respectivas condições estruturais (SAU/UTA), que mais que compensaram as perdas verificadas na competitividade dos sistemas de agricultura (RF/SAU);
  • As quebras verificadas na competitividade dos sistemas de agricultura (RF/UTA) foram resultantes de uma evolução negativa dos níveis de apoio gerados pelas políticas (ESP/UTA), só parcialmente compensado por ganhos na eficiência económica (VALpp/SAU) dos sistemas de agricultura;
  • Os ganhos de eficiência económica verificados, nos últimos 15 anos, pelos sistemas de agricultura praticados, exprimem um aumento de produtividade económica dos factores de produção utilizados, que foi suficientemente significativo para compensar as perdas de produtividade económica sofridas pelo factor terra;
  • Grande heterogeneidade actual entre as características sócio-estruturais e técnico-económicas das explorações agrícolas:
  • Predominância actual dos Sistemas Agro-comerciais subsidio-dependentes;
  • Apesar dos ganhos médios de competitividade alcançados pelas explorações agrícolas portuguesas, estas são, ainda, em média, bastante menos competitivas que as dos restantes EMs da UE-15.

Em seguida interviu o Eng. Armando Sevinate Pinto, que apresentou diferentes cenários futuros de evolução da Agricultura Portuguesa. Depois de focar os diferentes aspectos que se espera virem a condicionar a evolução da agricultura, traçou um cenário, considerado o “mais verosímil” que corresponde a uma confirmação e intensificação das tendências que actualmente se observam:

  • No Mundo e na Europa:
  • Manutenção e intensificação da orientação liberal e globalizante da OMC
  • Redução dos apoios sem renacionalização e simplificação regulamentar da PAC;
  • Liberdade de produção e concorrência
  • Desaceleração da evolução tecnológica
  • Reforço das prioridades sociais e ambientais

Em Portugal:

  • Alterações estruturais: redução do número de explorações e aumento da áreas, profissionalização, água, mercado, segurança alimentar, certificação ….
  • Alterações produtivas: maior liberdade, vertente mediterrânica, produções de qualidade, agricultura biológica, reconversão de culturas arvenses, alteração de calendários culturais, caça….
  • Alterações institucionais: apoios públicos limitados, redução do peso do estado, transformação das associações de agricultores, alteração do ensino agrícola, empresas de gestão e exploração….

No final, o Eng Sevinate Pinto apresentou mais dois cenários pouco prováveis, mas que não devem ser excluídos completamente: um que considera uma redução da importância da OMC e uma renacionalização da PAC, outro que considera a possibilidade de ocorrência de uma sucessão de escândalos alimentares e ameaças ambientais que provoque um desequilíbrio da oferta e uma valorização dos produtos agrícolas produzidos naturalmente.

A última intervenção do painel foi efectuada pelo Prof. José Manuel Lima Santos, que, a par de uma breve apresentação sobre a evolução futura da Agricultura Portuguesa, focou também algumas das razões do decréscimo da importância da agricultura na economia e na sociedade.

Neste contexto, identificou os factores que condicionarão a evolução futura dos dois principais segmentos da agricultura portuguesa:

  1. função produção competitiva de alimentos e matérias primas;
  2. função gestão do território e conservação da natureza.

De entre estes factores, salientou aqueles que estão mais ligados a decisões, a nível nacional, em matéria de prioridades e programação dos instrumentos de política, mostrando que o futuro não é só uma consequência de cenários de evolução da “componente externa” (mercados, tecnologia, políticas europeias …), mas também das decisões nacionais, e portanto das crenças e opções dos decisores sobre o potencial e limites ao desenvolvimento de cada um daqueles dois segmentos da agricultura portuguesa.

Neste sentido, concluiu que o futuro da agricultura portuguesa poderá passar por um conjunto de profecias autorealizadas, para além dos efeitos mais óbvios dos cenários de evolução da “componente externa”.

No final desta sessão comemorativa foi servido um cocktail.

Poderá encontrar as apresentações completas em www.agroges.pt.

AGRO.GES – Sociedade de estudos e projectos


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