Para evitar os riscos dos pesticidas a informação é vital! – António Brandão Guedes

Periodicamente, os agricultores e trabalhadores agrícolas são obrigados a utilizar os produtos fitofarmacêuticos, vulgarmente conhecidos por pesticidas, para poderem tratar as suas culturas.

Todavia, os pesticidas são produtos tóxicos e a sua toxicidade (capacidade para causar danos nos organismos vivos) depende em larga medida da sua composição química e da concentração em que se apresentam.

Juntamente com as máquinas agrícolas, estes produtos estão na base de um considerável número de acidentes e doenças profissionais em todo o mundo. A informação sobre esta matéria torna-se, assim, vital para quem trabalha no sector agrícola e vive no meio rural.

Para uma boa utilização do pesticida o agricultor deve estar informado sobre a praga ou doença a combater, o produto adequado a utilizar, a melhor forma da sua aplicação, a dose, a frequência, os métodos e o equipamento a usar.

O ambiente e a nossa saúde e segurança exigem que não se facilite nem esqueça a prevenção.

Existe um conjunto de medidas que são fundamentais e que devem estar presentes em todas a situações, nomeadamente:

– A leitura atenta do rótulo, respeitando rigorosamente todas as suas indicações;

– Quando se manipula um pesticida não se deve comer, beber ou fumar. Acabado o trabalho é necessário lavar a cara e as mãos;

– Os trabalhadores com feridas ou lesões na pele não devem realizar qualquer trabalho com estes produtos;

– A preparação da calda obriga a cuidados muito especiais. Recomenda-se que este trabalho seja realizado com equipamentos reservados a estas operações, longe das habitações e das instalações dos animais, junto a uma tomada de água fria e sem a presença de crianças.

– É importante calcular o volume de calda necessário para a área a tratar e manter sob vigilância os recipientes cheios;

– Acabado o tratamento, as embalagens esvaziadas e outros recipientes utilizados devem ser lavados em água corrente, acondicionados e entregues aos serviços de recolha dos lixos.

– Os restos da calda e as águas de lavagem não devem ser despejados em esgotos, fossas ou na proximidade de nascentes de água.

A utilização dos pesticidas exige uma adequada protecção individual
Por outro lado, os trabalhadores da agricultura devem assegurar uma boa protecção individual face aos pesticidas, mediante a utilização de vestuário de trabalho adequado e de equipamentos de protecção individual (EPI). É importante combater a ideia de que a protecção individual é um luxo ou um acessório desnecessário.

Neste sentido, e quanto ao vestuário, há que atender às indicações que constam do respectivo rótulo, bem como à informação escrita fornecida pelo vendedor sobre as características e condições de utilização e conservação dos equipamentos de protecção individual.

Na selecção do equipamento de protecção individual e do vestuário deve ser ainda dada particular atenção:

À protecção dos olhos: especialmente quando se trata de produtos tóxicos e irritantes,

À protecção do nariz e boca: é necessária para evitar a inalação de gases e poeiras. Deve usar-se máscara quando o rótulo assim o indicar, procedendo à substituição dos filtros de acordo com a recomendação do fabricante,

À protecção das mãos: Sempre que se manipulem pesticidas tóxicos e, especialmente, quando se utilizam concentrações elevadas. Usar luvas adequadas cobrindo o braço. Terminado o trabalho as luvas devem ser lavadas por dentro e por fora.

À protecção do corpo: Se possível, com fato de algodão com mangas e pernas largas (ajustadas nos pulsos e tornozelos).

À protecção das pernas e dos pés: Usar botas de borracha, evitando que haja um espaço desprotegido entre as botas e as calças. No final do trabalho, deve-se lavar as botas por dentro e por fora.

É necessário, ainda, salientar que existem actualmente várias práticas e métodos alternativos que permitem controlar pragas e doenças sem o uso de produtos tóxicos. Os agricultores podem informar-se nos respectivos serviços técnicos do Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.

Sobre estas e outras questões também o Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (ISHST) tem vindo a desenvolver diversas acções de informação e sensibilização no âmbito de uma Campanha Nacional que visa a prevenção dos riscos profissionais na Agricultura e que decorrerá até ao final de 2005.

No âmbito daquela Campanha, o ISHST estará presente na Feira Nacional de Agricultura, que decorre entre quatro e doze do mês de Junho em Santarém, com um stand e com a promoção de diversas actividades de informação e de sensibilização para a prevenção dos acidentes e doenças profissionais no sector agrícola e florestal.

António Brandão Guedes
Técnico do Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (ISHST)

Prevenir os acidentes nas instalações agrícolas – António Brandão Guedes


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