“A única coisa que podemos fazer é evitar novas ignições”

As temperaturas vão começar a descer, gradualmente, mas o acumular do tempo seco e muito quente dos últimos dias não permite qualquer alívio no risco de incêndios. Área ardida este ano já ultrapassa os 30 mil hectares, um valor acima do registado em todo o ano passado.

Depois de se reunir com os especialistas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o primeiro-ministro, António Costa, tinha duas notícias para dar ao país: as temperaturas vão começar a baixar nos próximos dias, mas as condições para a propagação de fogo continuam com um risco elevadíssimo. Por isso, a situação de contingência foi alargada até domingo. Até lá, todo o cuidado é pouco e do IPMA chega uma certeza: “Na situação actual, a única coisa que podemos fazer para tentar não agravar isto ainda mais é ter o máximo cuidado com o início dos fogos, evitar novas ignições.” Já há mais área ardida este ano do que em todo o ano passado.

As palavras são de Paula Leitão, meteorologista do IPMA, que especifica: “Não nos podemos esquecer que muitas ignições são involuntárias e no dia-a-dia normal nem têm consequências, mas com o tempo tão quente e seco que temos, qualquer pequena fagulha pode tornar-se num fogo que não se pode controlar.”

É um pouco a isto que o país tem assistido desde terça-feira. A seca prolongada que se vive no continente, associada às temperaturas extremas ao longo de vários dias e à já conhecida mudança da direcção do vento ao longo do dia, com algumas rajadas muito fortes, está a criar fogos que acabam por se tornar incontroláveis quase de um momento para o outro, e quando já se esperava que perdessem força. Foi a isto que se assistiu, por exemplo, em Palmela.

Os próximos dias continuam a ser de risco extremo. Paula Leitão diz que a tendência para as temperaturas irem diminuindo gradualmente – e esta quinta-feira várias regiões ainda continuavam com máximas acima dos 40 graus – vai acontecer nos próximos dias, de forma mais acentuada no litoral do que no interior, mas isto não significa o fim do risco. “Até ao dia 18 ainda vamos ter locais com 40 graus no interior e temperaturas mínimas acima dos 20 graus. Teremos tempo muito quente tanto de dia como de noite, com um pequeno alívio na faixa costeira”, diz. A juntar a isto está o facto de o solo estar tão quente que qualquer água que se encontre na atmosfera e pudesse cair sob a forma de chuva “se vai evaporar na descida e não chega a tocar no solo”.

“Para os fogos florestais, esta possibilidade de aguaceiros não existe, como alívio. Pelo contrário. Contamos com rajadas de vento forte, quente e seco”, avisa. Tudo isto significa “um agravamento de condições para incêndios”, que não podem ser olhadas só com os dados das últimas horas. “Não podemos ver só a situação meteorológica do próprio dia, mas o acumular dos dias anteriores. Uma persistência de tempo quente e seco, fogos activos que não são controlados no próprio dia e a que se vão somar novas ignições. Isto tudo faz com que a situação tenda a piorar”, frisa.

Cigarros mal apagados, máquinas agrícolas em funcionamento, que são, tantas vezes, causas involuntárias de […]

Continue a ler este artigo em Público.


Publicado

em

, ,

por

Etiquetas: