Carnalentejana DOP: Valorização percepcionada pelo consumo – Cristina Hagatong

A Carnalentejana ocupa, no segmento de mercado das carnes de bovino nacionais com Denominação de Origem Protegida (DOP), cerca de 33% do valor total da produção. Com o objectivo de conhecer as características sócio-demográficas do consumidor e identificar os atributos do produto que justificam o consumo, de modo a inferir o valor para o consumidor e identificar sinais distintivos a utilizar na promoção desta carne, realizou-se um questionário ao consumidor, na área da grande Lisboa, em 3 pontos de venda (P. Amoreiras, Jumbo de Alfragide e El Corte Inglés). Tendo-se concluído que:

O consumidor de Carnalentejana apresenta-se prioritariamente, nas classes de idade mais altas “de 31 a 50 anos” e de “maior de 50 anos”, com uma ligeira preponderância do sexo feminino, representando o grupo dos licenciados, o grupo mais importante. As profissões mais assinaladas (segundo classificação da Marktest) são os quadros médios, quadros superiores e empregados de serviços, comércio e administrativos. O estudo não revelou no entanto, diferenças muito significativas nestes aspectos, entre consumidores e não consumidores (nos pontos de venda estudados), concluindo-se que estas características por si só, são insuficientes para segmentar o mercado.

Relativamente à disposição a pagar pelo consumo de Carnalentejana, (face à carne de bovino sem DO), a classe “mais de 5 e menos de 10 %” foi a mais assinalada. Representando 50% dos consumidores entrevistados, diminuindo progressivamente a representatividade para as classes superiores, registando-se no entanto, um grau de resposta de 22% na classe “de 0 a 5 %”.

Quanto aos atributos do produto que justificam o consumo, a qualidade foi a característica mais assinalada como “muito importante” e “importante”, seguida da segurança, garantia e certificação, conceitos que se encontram relacionados. As características menos assinaladas, foram a raça, a relação qualidade/preço e o modo de produção. As características que apontam a saúde, sabor, tenrura, suculencia e origem, para justificar o consumo, apresentaram-se na situação intermédia.

Em conclusão, tendo uma DOP na sua essência, uma ligação a uma origem particular associada a um sistema de produção, que imprime ao produto características intrínsecas distintas, verifica-se que, no caso concreto, o que é percepcionado e valorizado no consumo é fundamentalmente as questões da segurança, associadas à certificação e garantia, exprimindo uma clara preocupação com a saúde e segurança alimentar.

Verifica-se assim, alguma aceitação no sector da carne, de produtos diferenciados de origem nacional, resultado de expectativas de consumo associadas a produtos de maior qualidade e segurança alimentar, que permitem uma disposição para pagar (em 78% dos consumidores entrevistados) superior a 5% (da carne de bovino sem DOP). Valor este que se considera significativo, tendo em conta a primazia do factor preço, em muitos casos de consumo de produtos agro-alimentares.

Cristina Hagatong
Mestranda do curso de Mestrado em Economia Agrária e Sociologia Rural, Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa.

A denominação de origem como factor de diferenciação e de competitividade de produtos agro-alimentares – Cristina Hagatong


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